Joneuma Silva Neres esteve à frente do Conjunto Penal de Eunápolis por nove meses e foi a primeira mulher a ocupar este tipo de cargo no estado. Mas essa sua oportunidade foi desperdiçada, quando passou a conceder regalias aos custodiados e participar da trama que resultou na fuga de 16 encarcerados. Mas a gelada em que ela se meteu é como o pico de um gigantesco iceberg, com acusações maiores que o visto até aqui!
Segundo um adágio popular, “a
desgraça, pra ser boa, precisa ser bem desgraçada” e este fato explica o
momento complicado a que Joneuma está submetida. Tanto que o Ministério Público
da Bahia (MP-Ba) revelou em denúncia que Joneuma teria ordenado o sequestro e
assassinato de um jovem no ano passado. O crime estaria diretamente relacionado
a publicações feitas pela vítima nas redes sociais, por meio de uma página de
fofoca, onde ela chamava Joneuma de "miliciana" e denunciava supostos
esquemas de corrupção dentro do presídio.
Um inquérito policial apurou que a
ex-diretora teria solicitado pessoalmente ao presioneiro “Dadá”, líder da
facção Primeiro Comando de Eunápolis, que "desse um jeito" no jovem.
Os diálogos interceptados pela polícia mostram que a diretora ficou incomodada
com as denúncias públicas feitas por Alan Queven dos Santos Barbosa, de 22
anos, que incluíam acusações de que ela facilitava a entrada de produtos ilícitos
no presídio e trabalhava politicamente para certos candidatos. Alan foi
sequestrado em sua própria casa, por dois integrantes da facção e levado para
um local conhecido como "desembolo", uma espécie de tribunal do crime
mantido pela facção, onde as execuções eram comumente realizadas de forma
brutal, geralmente a pauladas ou pedradas. O corpo de Alan nunca foi
encontrado, caracterizando um caso de desaparecimento forçado.
Todos estes fatos, são de um enredo
envolvendo uma mulher que teve todas as oportunidades para ser exemplo de empoderamento
feminino, mas acabou protagonizando a desprezível ópera-bufa de decepcionar a
sociedade e sobretudo, constranger seus amigos e familiares. A dor que todos
sentem com o que acontece com Joneuma, é muito maior que a alegria de terem
visto ela superar obstáculos, conquistar títulos, ocupar espaços inusitados e
pioneiros e estar nas manchetes como a mulher que chegou onde nenhuma outra mulher
havia conseguido chegar. Hoje a suspeita é que ela teve que se rebaixar demais,
para alcançar voos altos e plainar em “céu de brigadeiro”!
É óbvio que nem tudo o que falam
dela é verdade, pois o sistema precisa atropelar incautos da sua sagacidade, voracidade
e impetuosidade. A “cadeia alimentar” do sensacionalismo exige que o moribundo
sangue e que o morto sirva de oxigênio para os vivaldinos! Joneuma fraquejou e
sucumbiu aos fatos. Ela não resistiu às tentações da cobiça cega e da ambição
desmedida; quis voar ao sol com asas de penas que derreteram sob o calor de promessas,
que não podiam ser cumpridas e está pagando um preço muito alto e que ainda
deverá cobrar dela faturas pendentes. Joneuma sangra, chora e sofre, por ter
negligenciado consigo e com todos.
Seu acalento é que seus amigos e familiares não a abandonaram; são contra seus erros, mas estão solidários a ela e não a deixaram menosprezada, como estão fazendo aqueles que foram beneficiados por suas falhas como dirigente carcerária. Joseuma errou e já está pagando por seus erros. Com sua prisão ficaram difíceis sua capacidade de resiliência. Mas ela é uma mulher inteligente, que somente cometeu a burrice de tomar decisões erradas. Paradoxalmente, hoje ela está muito mais sábia e preparada, para repaginar sua história, evitar novo “canto da sereia” e trilhar um caminho de orgulhar todos que a amam, com a trajetória futura de quem errou, pagou caro por seus erros; deu a volta por cima e voltou a fazer amigos e familiares a chorarem, chorarem bastante... de alegria e felicidade, por vê-la superar maior, melhor e vitoriosa – só depende dela! - Foto: teixeiraurgente.
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