Os Estados Unidos e a União Europeia anunciaram ontem, domingo (27) um acordo comercial que impõe tarifas de 15% sobre a maioria dos produtos do bloco, mesma taxa do acordo que o presidente Donald Trump fechou com o Japão nesta terça-feira (22).
Segundo o presidente dos EUA, a UE concordou em
comprar US$ 750 bilhões do setor de energia, investirá nos Estados Unidos US$
600 bilhões a mais do que o investimento atual, comprará equipamentos militares
e abrirá os países ao comércio com tarifa zero. Ele também afirmou que foi
acordada uma tarifa de 15% sobre automóveis e todos os demais produtos.
O entendimento foi fechado durante uma reunião entre
Trump e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em seu resort
de golfe em Turnberry, na Escócia.
A tarifa básica de 15% será vista por muitos na Europa
como um resultado aquém das expectativas, em comparação com a ambição inicial europeia
de um acordo de tarifa zero para ambas as partes —embora ainda seja melhor do
que a tarifa de 30% que havia sido ameaçada.
Trump critica a União Europeia frequentemente,
afirmando que ela foi “formada para ferrar os Estados Unidos” no comércio. Sua
principal queixa é o déficit comercial americano em bens com a UE, que em 2024
chegou a US$ 235 bilhões (R$ 1,3 trilhão). A UE, por sua vez, destaca o
superávit americano em serviços, que, segundo o bloco, ajuda a equilibrar parcialmente
a balança.
Trump já conseguiu fechar acordos com Reino Unido,
Japão, Indonésia e Vietnã —embora seu governo ainda não tenha cumprido a promessa
de “90 acordos em 90 dias”.
O presidente americano anunciou o acordo com o Japão
na noite desta terça (22) na plataforma Truth Social. O acerto representou uma
redução em relação aos 24% anunciados em abril, mas um aumento ante a taxa
temporária de 10%.
Em troca, o presidente dos EUA disse que o país
asiático abrirá seus mercados para carros e arroz americanos e investirá US$
500 bilhões no país para criar “centenas de milhares de empregos”.
“Acabamos de concluir um acordo enorme com o Japão,
talvez o maior já feito”, escreveu. “O Japão abrirá seu país para o comércio,
incluindo carros e caminhões, arroz e certos produtos agrícolas e outras
coisas.”
O acordo foi acompanhado no mesmo dia de outros com a
Indonésia e as Filipinas, que conseguiram reduzir as tarifas impostas sobre
suas exportações em troca de uma redução das taxas sobre produtos americanos
importados.
Em acordo celebrado na semana passada, mas detalhado
nesta terça-feira (22), a Indonésia concordou em eliminar tarifas sobre mais de
99% de produtos dos EUA e abolir todas as barreiras não tarifárias, segundo
comunicado divulgado pelos dois países.
Os EUA reduzirão as tarifas sobre a maior economia do
Sudeste Asiático de 32% para 19%. A taxa é igual à anunciada para as Filipinas
também nesta terça, que prometeu zerar as tarifas sobre produtos americanos,
segundo publicação de Trump no Truth Social. A taxa para o Vietnã foi fixada em
20%.
Os países afetados pelas tarifas recíprocas correm
para chegar a acordos com o governo americano antes do prazo de 1º de agosto,
quando as taxas mais altas devem entrar em vigor. O governo brasileiro, alvo de
sobretaxa de 50%, estuda diversas medidas para fazer frente ao tarifaço de
Trump.
A menos de uma semana do final do prazo para o governo dos EUA aplicar sobretaxas de 50% sobre produtos importados do Brasil, os canais de negociação formais entre o governo brasileiro e o americano seguem fechados.
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