A tradição das festas de São João em Eunápolis está enfrentando um desafio significativo, com a invasão de ritmos diferentes durante a realização do “Pedrão”. Com um cachê de R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais), o valor pago ao cantor Belo supera em 1.000% o da renomada banda forrozeira Arriba Saia, do artista eunapolitano Rony Brasil. Esses altos cachês pagos a artistas que não fazem parte da tradição forrozeira têm sido contestados pela população.
Cachês milionários pagos para bandas e cantores do arrocha,
pagode e sertanejo, e que não tem nenhuma relação com o propósito de uma mega
festa de São João, contrastam com uma Eunápolis com infraestrutura precária,
com sistemas educacionais deficientes, com serviços de saúde sem médicos,
medicamentos e equipamentos; atrasos de repasses para fornecedores e
prestadores de serviços á prefeitura e dificuldades até mesmo no recolhimento
do lixo.
Nos últimos anos, as festas de São João têm sido marcadas
pela interferência de ritmos antes desconhecidos para o período, resultando da
saída do forró autêntico e a entrada do chamado "forró de
plastificado". Atualmente, o cantor Wesley Safadão é um dos principais
representantes desse novo estilo. Embora a mudança de estilo e som agrade às
massas, ela acaba descaracterizando a cultura regional, prejudicando a
identidade das festividades juninas.
Além da substituição de gêneros
musicais tradicionais, o prefeito de Eunápolis, Robério Oliveira (PSD) está
buscando atrair artistas com grande apelo popular, mesmo que suas músicas não
tenham qualquer relação com o período junino. Artistas de Axé Music, Arrocha,
Samba, Sertanejo, Pop Rock e Pagode têm ajustado seus repertórios e invadido a
maior festa popular do Brasil, sem que medidas sejam tomadas para preservar a
tradição do forró.
É possível que continuemos a
testemunhar o prefeito contratando artistas sem nenhuma relação com o forró, a
fim de atrair grandes multidões para o “Pedrão”. No entanto, é essencial
discutir seriamente se devemos assistir em silêncio a essa invasão e destruição
de um patrimônio nacional, como as festas de São João e São Pedro em Eunápolis.
Certamente, o velho Luiz Gonzaga, grande ícone do forró, não ficaria nada
satisfeito ao ver o que Robério está fazendo com essa tradição regional.
Destacar a preocupação com a preservação da tradição do forró nas festas de São João e São Pedro, não é uma defesa de mercado, é mais para enfatizar a descaracterização cultural causada pela invasão de outros gêneros musicais. Além disso, ressaltar o impacto financeiro e social dessa mudança, é para questionar mesmo o uso de altos cachês para atrações que não fazem parte da identidade junina. É fundamental refletirmos sobre as consequências a longo prazo e buscarmos soluções que preservem o patrimônio cultural e musical da região nordestina.
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