Faltando dois dias para a realização do “Pedrão” em Eunápolis (festa de São João sem forró), o diagnóstico é um só: está faltando respeito do prefeito com o forró na programação da sua caríssima, carnavalesca e pirotécnica festa junina.
Repercute muito na cidade, a fala do radialista Anaildo
Colônia ressaltando que o prefeito Robério Oliveira (PSD), deveria “assumir
logo que não é São João, que é um festival” e é isso mesmo que temos visto. Se
há alguns bons anos a disputa era entre o forró raiz e o estilizado, agora a
coisa fica mais complexa: grupos de sertanejo, arrocha, brega, axé e até música
eletrônica está na programação da festa do “velhinho careca, barrigudo e hipócrita”!
Em Eunápolis, o palco do “Pedrão” está
cada vez mais aberto para repertórios musicais, que muito pouco ou nada têm a
ver com nossa festa de São João. O problema não está nos grupos em si, mas no
fato de que festas nesse formato já tem o resto do ano inteiro para fazermos.
São João é só no mês de junho e a tradição do forró vem se reduzindo bastante
como a gente realmente conhece, gosta e espera o ano todo.
E, para além disso, a falta de forró
se soma com a camarotização privada do evento público. O Pátio do Forró tem um
“cercadinho” que dá à iniciativa privada o poder de usar o bem público e lucrar
(e muito) com isso. Não tem cabimento uma festa pública ter camarote. Se é
público, é para ser de todos!
Se quisermos que O “Pedrão” continue
sendo essa vitrine do forró e das tradições juninas, precisamos atuar
diretamente para valorizar e dar visibilidade aos trios pé de serra, cantores,
cantoras e bandas que desde sempre fizeram nossa cidade ser conhecida por
promover a maior festa de Forró na Bahia – porque sem eles, o que vai ser da
nossa festa?
Não faço aqui um apelo saudosista – porque sim, as tradições mudam, se reinventam e são um reflexo do tempo -, mas as transformações se baseiam naquela raiz que é o fio condutor da história, e aqui, a raiz é o forró. Numa onda de descaracterização das festas tradicionais em nosso município, é fundamental garantir que o São João eunapolitano siga sendo como sempre deveria ser: público, acessível, com gente da nossa terra e, o mais importante, com muito forró!
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