Parece ser o ato mais fácil do mundo, simplesmente ser!. Estar consciente do aqui e do agora, nada mais. O problema é mesmo o “nada mais”. Nesse exato momento, junto com este texto, muitas coisas estão passando pela sua cabeça. “Eu preciso de uma xícara de café”. “Onde vou almoçar hoje?”. “Não posso esquecer de retornar a chamada de X”. “Hoje, preciso - mesmo - ir ao supermercado”. Vê? É sobre isso que falo. Quem já fez meditação guiada, experimentou essa dificuldade.
O que é pedido? Que você concentre todos os seus sentidos
numa única ação: respirar. “Sinta a respiração passando por todo o seu corpo”.
O objetivo é praticar uma única ação e, assim, finalmente descansar a mente,
relaxar. Você começa. Vem um pensamento; uma perna dói; outro pensamento;
desconforto… O instrutor tenta nos ajudar e recomenda: “não se apegue a nenhum
pensamento, deixe eles irem”. E eles não vão…
Nesse momento, trava-se uma luta contra a nossa natureza,
porque o cérebro humano tende a dispersão: Trata-se de um recurso de
sobrevivência, uma vantagem conquistada no nosso passado evolutivo. Um “homem
das cavernas” com grande capacidade de concentração poderia ter uma excelente
pontaria, mas enquanto o seu cérebro estava focado no alvo, não sobrava recurso
para detectar a aproximação de uma onça às suas costas. E assim, os
concentradíssimos bons atiradores de lanças não sobreviveram para passar os
seus genes adiante. A seleção natural favoreceu os cérebros que equilibravam as
duas ações: foco para o alvo e dispersão para observar o terreno.
E essa vantagem continua valendo. O que ocorre é que a equação mudou de sentido e caminha a passos largos para o extremo oposto. Com o aumento de estímulos - ritmos de vida - estamos imersos na dispersão. O nosso cérebro corre de um lado para o outro, sem descanso. E nas crianças, com o seu cérebro em formação, o estrago é ainda maior.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente no blog do Val Cabral.