Candidatos apoiados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro
(PL) tiveram, no geral, um desempenho melhor nas capitais do que aqueles que
giram em torno do presidente Lula (PT).
O empenho dos dois líderes variou, com Bolsonaro e seus familiares mergulhando nas campanhas em prol de seus candidatos de forma contundente. Lula direcionou o foco de forma mais robusta para Guilherme Boulos (PSOL), em São Paulo, mas também gravou vídeos e deu apoio a vários candidatos pelo país.
Os nomes chancelados pelos dois passaram para o segundo turno na maior cidade do país, São Paulo, mas pesquisas mostram que o de Bolsonaro, o prefeito Ricardo Nunes (MDB), tem vantagem em um segundo turno. Bolsonaro deu apoio volátil em São Paulo, às vezes oscilando para o lado de Pablo Marçal (PRTB), que teve a chancela de aliados do ex-presidente.
Em Belo
Horizonte, o bolsonarista Bruno Engler (PL) disparou na reta final amparado no
apoio do ex-presidente e chegou em primeiro. O candidato do PT, Rogério
Correia, deu vexame e ficou em sexto. Resta agora ao lulismo embarcar na
candidatura do prefeito Fuad Noman (PSD), que disputará o segundo turno com
Engler.
No Rio, Bolsonaro e sua família mergulharam na campanha de Alexandre Ramagem (PL), mas o prefeito Eduardo Paes (PSD) se reelegeu. Ele é aliado de Lula, mas não usou o presidente como padrinho. Em Campo Grande, Bolsonaro chancelou o nome do tucano Beto Pereira, mas ele ficou de fora do segundo turno.
Lula teve importante revés em Teresina, onde o PT alimentava esperança de vitória, mas acabou perdendo no primeiro turno para Silvio Mendes (União Brasil). Em Porto Alegre, por pouco Maria do Rosário não foi derrotada no primeiro turno pelo prefeito Sebastião Melo (MDB), e tem uma missão quase impossível de virar o jogo na última etapa.
Em Goiânia, a deputada federal Adriana Accorsi (PT) sempre figurou na liderança nas pesquisas, mas acabou de fora do segundo turno. O ex-deputado estadual Fred Rodrigues (PL), que usou à exaustão o apoio de Bolsonaro, decolou nas pesquisas e acabou chegando em primeiro. Vai disputar a eleição agora com o candidato do governador Ronaldo Caiado, Sandro Mabel (União Brasil).
Em Cuiabá, o ultrabolsonarista Abilio Brunini (PL) também disparou e chegou em primeiro, à sombra do cacife eleitoral do padrinho. Vai disputar como favorito o segundo turno contra o petista Lúdio Cabral. Nomes chancelados pelo ex-presidente também vão para o segundo turno em várias das grandes cidades, diferentemente de candidatos chancelados por Lula, que perderam em várias capitais, como Salvador, Manaus, Curitiba e Belém, entre outras.
O PT tem como esperança agora Fortaleza e, em bem menor grau, Natal, cidades em que vai disputar o segundo turno. Em duas capitais, o segundo turno será disputado entre PT e PL: Fortaleza e Cuiabá. O PL sempre foi um partido de características que iam do pequeno ao mediano. O impulso ocorreu após a filiação de Bolsonaro, no final de 2021. Nas eleições de 2022, apesar da derrota de Bolsonaro para Lula, o partido elegeu a maior bancada de deputados federais em 24 anos, 99 das 513 cadeiras.
Isso
catapultou as expectativas da legenda para a eleição municipal de 2024, já que
a principal fonte de recurso das campanhas é calculada justamente com base no
desempenho das siglas na disputa para a Câmara. Resultado disso, o PL teve a
maior fatia neste ano dos fundos Eleitoral e partidário, R$ 1,09 bilhão.
Desde 2016,
ano do impeachment de Dilma Rousseff, o PT enfrenta grandes dificuldade nas
eleições municipais, apesar de estar no Executivo federal, ter a segunda maior
bancada da Câmara e integrar o G7 dos maiores partidos brasileiros como o único
partido de esquerda —o bloco é composto por PL, PT, União Brasil, PSD, PP, MDB
e Republicanos.
Em 2016, o partido de Lula, que recentemente havia deixado a Presidência da República, sofreu a pior derrota entre todas as legendas, sob qualquer aspecto. A mais simbólica delas, o fracasso na tentativa de Fernando Haddad (PT) se reeleger para o comando da maior cidade do país, São Paulo. Ele foi derrotado ainda no primeiro turno por João Doria (PSDB), tendo obtido apenas 16,7% dos votos válidos.
Quatro anos depois, em 2020, o partido conseguiu eleger prefeitos em apenas 4 das maiores cidades do país e, pela primeira vez desde 1985, não venceu em nenhuma capital. Por Por Ranier Bragon e Danielle Brant.
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