Todos os anos em Itabuna, dezenas de mães perdem seus filhos sob facadas e tiros de membros das facções criminosas. Este fato deve resultar em dores terríveis e um sofrimento que não cessa. E então o que dizer como consolo, para essas mães?
Digo que a devoção às dores sofridas pela Virgem Maria é antiga e tem atraído a atenção de muitas pessoas pelo fato de haver uma possibilidade de associação, visto que, diante dos sofrimentos possíveis na vida que cada um de nós passamos, olhar para alguém que sofreu também ao extremo serve como caminho de reflexão e consolo.
Dentre as dores sofridas, há aquela que é a morte de Cristo na cruz. Para mim, é forte pensar nessa realidade porque o ciclo da vida indica que os pais geralmente falecem antes da sua prole e, ao acontecer o contrário, o sentimento de perda marca profundamente, pois a pessoa sabe que o acontecido é para sempre.
Então, tantas vezes ao falar nos programas de rádio que apresento, sempre afirmo que aqueles pais aos quais viveram a experiência da morte de algum filho poderiam então compreender a dor de Maria e associar-se a ela para haver uma superação total dessa marca em sua alma.
Ao falar sobre isso para meus ouvintes, os faço refletir muito sobre o que aconteceu naquele momento. A dor de Maria, tão profunda e dilacerante, gerou frutos, a ponto de ser ressignificada. Ninguém nunca ouviu falar de revolta, rebeldia, ou até mesmo uma somatização vivida por ela após a morte de seu único filho. Já era viúva, pois seu esposo São José faleceu antes de Cristo começar a anunciar publicamente o Reino de Deus, e, ao perder o filho, grande poderia ter sido a sua preocupação, pois a sociedade na época tratava com marginalização mulheres nessa realidade.
Você, querida leitora, já sofreu a dor da perda nesta proporção? Se sim, com certeza é capaz de compreender perfeitamente o que até aqui foi exposto. Contudo, olhando para a Mãe de Jesus Cristo, é possível ver que uma dor tão forte foi capaz de gerar grandes frutos. O que aterroriza as pessoas não é a dor em si, mas a falta de sentido da mesma.
Contemplar as dores de Maria nos faz entender que podemos ressignificar o que acontece de sofrimento em nossas vidas e assim dar um sentido ao mesmo, encontrando uma paz que torna possível o seguir adiante da vida. E, de acordo com o que tenho visto, afirmo que isso é, sim, possível.
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