Um radialista que fala o que não deve e omite o que deve falar, acaba sendo apenas uma voz solta no ar. Mas perdida no descrédito do ouvinte que zela pela verdade, que deve ser a essência da existência de um programa de rádio. E hoje os meios de verificação dos fatos, não estão mais limitados a abrangência radiofônica.
O surgimento da internet mudou muitos aspectos da vida e hábitos pessoais e uma das principais mudanças nos últimos anos foi em relação ao consumo de informação. O que antes era acessível apenas em rádio, televisão, jornal impresso e revista, agora fica tudo à disposição dos cliques no celular.
E se a informação era criada em redações jornalísticas por profissionais da área (e toda emissora de rádio possui seu departamento de jornalismo), hoje, qualquer pessoa pode divulgar e criar qualquer tipo de informação. Esse cenário trouxe junto a questão da credibilidade, principalmente depois do fenômeno das fake news.
Segundo Jamil Calheiros, radialista e professor de curso de radialismo, a crise de credibilidade da informação na era digital põe em risco a própria existência da profissão de radialista. “Ela, a crise, dialoga um pouco com a ideia de que vivemos num contexto de pós-verdade, em que as emoções importam mais do que a razão, em que os fatos, enfim, perdem um pouco da força que eles tinham e que o monopólio sobre o relato do real, que antes era atribuído ao radialista, está difuso”.
Para resolver esse dilema, segundo Jamil Calheiros, o radialismo deve assumir um papel de educador, ajudando as pessoas quanto ao consumo da informação correta. Isso faz com que o programa de rádio seja capaz de combater a desinformação. “Nesse sentido o radialismo tem uma grande missão, da sociedade como um todo se sentir representada por ele.” - destaca Jamil.
Jamil ressalta que o radialismo se encontra em um processo muito grande de desinformação, graças ao cenário polarizado, em que “existe uma correlação entre o conteúdo informativo produzido com a linha editorial para qual o profissional trabalha”. De acordo com o professor, a linha editorial se posiciona dependendo do radialista e dos proprietários da rádio. “É possível que a direção da emissora, não o profissional em si, mas o patrão, se posicione num espectro polarizado e o radialista tem que anunciar a informação conforme esta linha editorial, o que não implica que ele seja alguém que está produzindo desinformação”.
Jamil enfatiza que o radialismo não pode se deixar contaminar por fake news, de forma a checar todas as informações antes de levá-las ao ar. Esse procedimento básico para o radialista deve ser respeitado para que o próprio radialismo seja diferenciado dos veículos disseminadores de fake news. Para lutar contra isso, é preciso enfatizar a questão da ética nos programas de rádio em nossa cidade.
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