Eu vivo de escrever. Escrevo para o blog, para o jornal, para oficinas, escrevo no escritório, escrevo para o instagram, para mim mesmo; mas sempre sinto que não escrevo. É o mesmo com a leitura. Leio um livro atrás do outro; um no início da semana, outro no final da semana – aquele aparelhinho maravilhoso que ganhei de aniversário e que me permite ler no escuro sem cansar a vista. Mas não importa o quanto eu leia, sempre acho que não é suficiente. Tem sempre um jornal, ou uma revista, ou um artigo, ou um clássico, ou uma lista inteira de livros que ainda não li.
Antigamente, isso me incomodava mais, até perceber que é tudo intriga da ansiedade. Não importa o quanto você leia, todos os dias são lançados novos livros. Agora mesmo, tem um montão de escritor digitando em suas casas. E o mesmo acontece com filmes, séries, artigos, e com o nosso próprio cérebro, que nunca para de pensar coisas novas (ou repetir ciclos internos).
A verdade é que alguém, em algum momento, confundiu o significado de ser “antenado” com ser uma máquina devoradora de conteúdo, e criou um poço de ansiedade. No meu caso, eu culpo as redes sociais. Um ambiente viciante, onde entro toda manhã para ver as notícias, as novidades, me atualizar (viu como também sou vítima?). E quando entro, todo mundo está comentando sobre as mesmas coisas, ou sobre coisas que já foram lidas e comentadas. É como se tivesse uma obrigação implícita para você comentar também.
Todos os dias criam-se desafios e a novidade tem que ser experimentada, ou você não será antenado. Mas a pergunta é: por que é que a gente quer tanto ser antenado? Não deveríamos nos preocupar mais com nosso bem-estar e saúde mental do que com o seguir modas instantâneas? O fato é que estamos vendendo nossa própria privacidade, nosso bem estar e nossa independência, aderindo a um ciclo vicioso, apenas para sermos parte da nova moda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente no blog do Val Cabral.