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5 de agosto de 2022

ROMEIROS E TURISTAS SE DISTINGUEM NA LAPA

Todos os caminhos conduzem todos romeiros para a gruta da lapa, que é feita de pedra e Luz

O que temos observado bem, aqui em Bom Jesus da Lapa, é que os romeiros-turistas diferenciam-se dos romeiros tradicionais não apenas por sua aparência, seu modo de vestir, sua postura, sua ideologia religiosa, sua visão de mundo, mas sobretudo pelas estruturas de significados dentro das quais inserem sua experiência.

Para essa nova categoria de romeiros, a romaria em si, com suas expressões de adoração, seu misticismo, sua religiosidade se torna uma curiosidade ou um aspecto pitoresco a ser observado. Sua presença no santuário se justificaria por razões que transcendem aquelas que mobilizariam os romeiros tradicionais. Embora dentro do evento, procuram estabelecer uma exterioridade e um distanciamento em relação à massa dos romeiros, fazendo emergir, desse modo, um “nós” que se confronta com um “eles”.

Essa tomada de distância simbólica, que já vimos acontecer entre os moradores, aqui também trabalha no sentido de transformar as facetas em contraste, na medida em toma as diferenças relativas como se fossem absolutas. Quando perguntamos aos romeiros-turistas quais as motivações que os levam a deslocar-se para a Lapa no período da romaria, percorrendo centenas ou mesmo milhares de quilômetros em caminhões desconfortáveis; seus carros particulares ou em ônibus, as respostas mais recorrentes são as de que a romaria fornece-lhes uma ocasião ímpar para “admirar a fé do povo”.

Ou seja, já não se trata de peregrinar em busca de uma experiência pessoal, mas de se colocar como um observador externo, na qualidade de turista, frente a uma experiência vivenciada por outros e que se torna objeto de admiração. Os romeiros turistas demarcam uma diferença que não se encontra apenas na ordem do espaço ou do tempo, mas sobretudo na ordem social.

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