Sempre admirei o poeta, por entender que ser poeta é fazer de cada despedida uma saudade, é ter nas mãos os sonhos, vivê-los de verdade, chorar, sorrir, sem medo de ser feliz. E lendo-os, sinto sempre acordar para uma realidade que alegra a alma, muitas vezes levando-me a sorrir para mim mesmo.
Quase todos os dias chegam em meu whatsapp, enviados pelo autor, poemas do poeta multifaceta, Abílio Netto. Ao conhecer cada uma das pérolas que ele constantemente me envia, facilmente entendi ser a sua poesia, não somente um êxtase para o corpo, mas acima de tudo um lenitivo que hidrata a alma de quem a interpreta.
Apesar de aventurar-se em vários estilos literários, artístico cibernético, Abílio Netto caracteriza-se por ser um poeta nato, um verdadeiro caçador de rimas, um alquimista das letras cuja inspiração nasce dos mais simples acontecimentos.
A poesia de Abílio Netto, nos leva a aceitar que interpretando-a, melhor compreendemos nossos próprios sentimentos, e os dos outros também, pois ele sabe como ninguém, usar cirurgicamente o poder dos termos retratados em suas estrofes, para movimentar todas as emoções que não podem mais ficar paradas dentro de cada um de nós.
Os versos de Abílio Netto, leva as pessoas à uma rara meditação, fazendo-as agradecer por cada anoitecer, a cantar e amar cada minuto vivido, a acordar desejos adormecidos, colher diariamente os frutos da paixão, ter o passado como futuro tão presente, fazer da existência sempre uma oração.
Em seus versos existem verdadeiras palavras de incentivo, que deixam claro termos de viver esbanjando muita disposição e altruísmo, que nos fazem deparar com percursos estranhos, repletos de retas sem fim e curvas intermináveis.
Apesar de nunca haver conseguido ser um poeta, mesmo possuindo uma musa para me inspirar constantemente, alegro-me por conviver com pessoas brilhantes que dominam a poética, e como Abílio Netto, através dos seus escritos, nos fazem sentir da rosa murcha o perfume, ver a beleza e claridade no negrume e principalmente pintar o cotidiano em uma tela colorida de amizade.
O CONTADOR DE HISTÓRIA
Todos temos nossas histórias
Andanças e suas reviravoltas
Coisas do nosso passado
Revirado com suas glórias
Ou amargos e sem lógica
Um dia todos lembramos
Sentados em seus cantos
Diante de um pequena plateia
Grandes como heróis do cinema
Rindo muito ou chorando
Se os fatos forem inusitados
Ou em românticos contos
As minhas não são enfadonhas
A monotonia não toma conta
São até picantes e bem chocantes
Quando revelado ponto a ponto
Diante de todos os amores
Numa vida de confrontos
Ainda tenho o toque romântico
A procura de um novo encanto
Pelo caos em que vivi
Durante esse últimos anos
Mas deixando o lamento
A procura de um novo intento
Nem que seja nos meus pensamentos
Como as lembranças do amor eterno
Pois nunca se perde o que não se esquece
Na linha dos velhos tempos
Meu primeiro amor foi no casamento
A que permaneci por longos anos
Vinte e oito pra seu conhecimento
Durando muito diante dos pedregulhos
Que eu deixei em detrimento
Ao meu inseguro comportamento
A procura de novas aventuras
Me jogava em estradas duras
Cheias de muitas encostas
E com fechadas grandes curvas
Sempre querendo uma nova paixão
Alguém que me desse o bem maior
Passando a mão no meu cabelo
Alisando o velho e já branco peito
Com muita e boa dedicação
Sem falar na cama profana
Com a pimenta de cheiro
Quente em meus dedos
Tocando do meu jeito perfeito
Nas boas e doces entranhas
Me tornei um especialista direito!
Não dito por mim mesmo.
A propaganda não era enganosa
Realmente tinha grande efeito
Todas que eram tocadas
Eram cheias de exageros
O destaque maior veio primeiro
Como primeira aventura
Fui um autêntico cavalheiro
Uma paixão alucinante
Ainda em meio a meu casamento
Ela também uma mulher casada
Mas vivia em seus tormentos
Todos temos nossas uniões
As vezes por acomodações
Vivendo como Deus quer
Mas em pequenas baldeações
Parando em algum caminho
Pra não se sentir sozinho
Sem a grande e perfeita emoção
Era uma morena meiga e alta
Muito bem aprumar
As vezes eu engasgava
Tinha que fazer várias escalas
Dava algumas boas paradas
E retomava de onde parava
Sabe como é
Quando não se tem
Muita força no pé
O jeito é dá duas viagens
Pela vagarosidade
Com uma fogosa mulher
Quando o fogo alto pegava
O carvão já meio apagado atiçava
Era um Deus nos acuda
As palavras de ordem entoavam
Ainda bem me lembro
A maneira que me olhava
Os olhos diziam profundos:
"Nunca fui possuída desse jeito
Você mais parece um bruxo"
Pra mim isso era perfeito
Dito daquele jeito maneiro
Assim na lata depois do feito
Era como um energia
Um injeção que me possuía
E eu continuar no desejo
Eu sempre seguia em frente
Continuava bem potente
Arranjando força até no dorso
Como um sol já no seu encosto
Porém fraco literalmente
Então com muito mais força
Fazia a mulher vibrar com alegria
Pois em sua casa só tinha
O velho feijão com faria
Todas as quinta me procurava
Já deitada na cama a encontrava
Quando não podia ou me atrasava
Era um pulo em gritaria
De longe extravasava.
Dizia o que bem queria
A mulher era na cama confeita
Cheia de purpurina inteira
Perfumada com Miracle
Era o cheiro do segredo
O copo todo penetrava
Eu vivia satisfeito
Muitas foram as nossa dedicatórias
Escritas e falada em memória
Ao longo dos nove anos
Em que estivemos juntos
Aguçando as nossas histórias
Sempre buscando o sonho
Em um dia ficarmos de vez juntos
Era a melhor justificativa
Nos encontros e desencontros
Em uma nova trajetória
Era o parâmetro que tinha
Minha filha a conhecia
Fizeram uma boa amizade
Todas as vezes que a encontrava
Dizia que via em nossa imagem
Um futuro de fantasias
Tinha em mente pra frente
A união de uma família
Ela com os filhos que tinha
E eu com as minhas
Eu realmente não entendia
Será que era inconsequente ?
Ela com a vida estruturada
Com a família e casa arrumada
Trocar pelo que seria
Uma vida dura e desajeitada
O amor não se explica
É um total desequilíbrio
Entre as escolhas que temos
E as consequências inseridos
Então seguimos em frente
Em uma perigosa jornada
Apesar das nossa paradas
De vez em quanto surgiam
As dúvidas do que fazíamos
Apesar da química perfeita
Do sexo total e intensos
Tiramos as nossa consciências
Que não era correto aquele feito
Apesar de um substantivo feminino
Tem a convivência do ato masculino
Quando a traição parte da donzela
Afinal o homem também é procurado
Muitas vezes totalmente assediado
A química maior parte delas
Deixando de lado esse machismo
Nos realmente nos sentimos lindos
Quando a cantada vem com elas
No nosso caso foi consenso
O primeiro contato foi intenso
Depois nos tornamos sedentos
O desejo ficou mais propenso
Até mesmo a total união
Em um perfeito casamento
Os cantos era por nós achados
Normalmente muito apimentados
De fantasias e encantos
Realizávamos nossos sonhos
Nas camas de quarto em quarto
Ia sempre ao meu encontro
Seja qual fosse a direção ou lado
As escolhas sempre diferentes
Nas escadas de shoppings
Dentro dos carros incomumente
Quase sempre nos motéis
Mas sempre estávamos contentes
Seja lá onde eu tivesse
Em minhas viagens frequentes
Ela sempre me encontrava
Pegava logo a velha estrada
Lado a lado sempre discretamente
Muitas vezes sem direção
Muito menos planejamento
Era poucos mesmo casuais
Esses reencontros em complemento
Pois não tiramos em nossas casas
Aquele ardor dos nossos casamentos
Dispensávamos opiniões frequentes
Certo ou erra sem um fiel julgamento
Quem vive juntos anos após anos
Sem mais um bom provimento
Pela falta de total cumplicidade
Pela ausência e engajamento
Sabe o que estou escrevendo
Quando acaba o sentimento
O correto a essa traição
Da que acima escrevemos
Seria a real separação
Antes do agarramento
Muitas vezes ela é tão forte
Que não dá mesmo esse tempo
É fogo correndo morra acima
E a água de cima escorrendo
Mas não apaga o danado
O fato terminar acontecendo
Então é uma correia
Pra acabar esse tormento
Cada um dos seus lados
Tentam esconder os fatos
Mas terminam se envolvendo
Isso é a vida secreta
Que sem querer escolhemos
Mas o fim dessa minha história
Como um final sem aditamento
Foi deixá-la ir embora
Voltando ao meu pareamento
Escolhendo ficar com os filhos
Ficando como experimento
Achava que uma união
Em um sagrado casamento
Somente podia separar
O Deus que escolhemos
Somente após nossa morte
Será que isso é verdadeiro?
Após muitos anos depois
Veio meu o posicionamento
De fato a desunião
O real afastamento
Um recomeço talvez
Ou talvez sozinho
Sempre estaremos
Abílio Netto
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