Se você vai ter duas caras pelo menos faça uma delas bonita! |
Não é surpresa que o filme “Coringa”, é um
dos filmes que, no mínimo, gostando ou não, intrigam cada um de nós. Assim que
o filme foi lançado, seu impacto causou tanta estranheza que muitos se
perguntaram: quem é e onde está o Coringa da vida real? Consequentemente,
muitos dedos foram apontados: aos políticos, aos marginalizados, etc.. A
resposta mais convincente foi dada por um colega de imprensa Guilherme Santos,
que me disse ser o Coringa, simplesmente, o coringa: ou seja, uma máscara que
cabe em todos nós. A outra face do Coringa é o palhaço Feliz. Ele quer
trabalhar, é dedicado, tenta ganhar o seu dinheiro, sonha em ser um astro, ou
melhor, ter reconhecimento, isto é, como sinônimo disso tudo: ser feliz. Esta
descrição corresponde à
grande parte da sociedade atual. A busca da felicidade
como sinônimo de sucesso, dinheiro e poder é um imperativo no mundo. Porém, a
busca da felicidade gera uma expectativa tão grande na sociedade, que muitos
indivíduos, hoje, ao não conseguirem alcançá-la, fazem uso equivocado de medicamentos,
para suportar a frustração de suas vidas. A questão é que felicidade não é
sinônimo de dinheiro, sucesso ou poder. Devemos entender que não é possível
estar em um estado de felicidade sem, frequentemente, enfrentarmos um estado
depressivo. E, quem nega as próprias tristezas, frustrações, entre outros
sentimentos que julgamos negativos, acaba por torná-los mais frequentes e
maiores. Os remédios ajudam a anestesiá-los, mas não os eliminam. Quando a
negação destes sentimentos já não é mais suportada, eles nos tomam de uma vez
só. Por isso, é muito comum vermos popstars que conquistam uma rápida fama
enfrentarem um quadro depressivo logo em seguida. Se aceitássemos nossas
tristezas em pequenas doses diárias, conseguiríamos também ser felizes em doses
diárias. Quando Feliz veste a máscara do Coringa, ele não aceita em si todas
suas dúvidas, frustrações e tristezas, o que seria o caminho certo,
psicologicamente falando. Ele rompe com o próprio Feliz em si, ele fraqueja, e
é engolido por todos estes sentimentos sombrios. Isso faz nascer o Coringa. Nós
não somos diferentes: todos temos tristezas, frustrações e dúvidas. Resta-nos
entender as nossas e não apontar dedos para as do indivíduo ao lado. O lado
sombrio e negativo da vida é inevitável. A única coisa possível de se fazer é
escolher o que fazer com elas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente no blog do Val Cabral.