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18 de dezembro de 2019

A POLÍTICA COM SUAS CAUSAS E EFEITOS

A "Arapuca" já está sendo armada para as próximas eleições!
Nem todo mundo compreende, que a política não é um fim em si mesmo. Trata-se de um sistema-meio para administrar as necessidades do povo. Sendo assim, é uma missão, não uma profissão. O agente público deve servir ao povo, visando ao bem comum e não se servir do que é do público. Ao se afastar dessa meta, dá lugar à corrupção. Que acontece quando quem governa se desvia do objetivo de atingir o bem comum, e passa a governar de acordo com seus interesses. Por conseguinte, a política não deve ser escada para promover pessoas nem meio para facilitar negócios. Como sistema, desenvolve a capacidade de responder aspirações, transformar expectativas em programas, coordenar comportamentos coletivos e recrutar para a vida pública quem deseja cumprir uma missão social. Esse acervo é utópico? Pode ser, mas deve servir de inspiração aos políticos. Infelizmente, em nossa cultura, a política tem sido tratada por muitos como um bom negócio. Parcela dos nossos representantes considera espaços públicos ocupados por seus indicados como feudos, extensões de suas posses. É assim que a política se transforma em um dos maiores e melhores negócios do Brasil. O caminho é este: primeiro, conquista-se o mandato; a seguir, a política transforma-se em instrumento de intermediação. Há um amplo mercado com nichos, estruturas, cargos e posições governamentais. O negócio da política mexe com cerca de 150 mil de consumidores, que formam o contingente eleitoral em Itabuna. Para chegar até eles, um candidato gasta uns bons trocados (o custo médio está hoje em torno de 100 a 200 reais por eleitor), a depender do cargo disputado: vereador, ou prefeito. Para tanto, candidatos ricos bancam suas campanhas. A maior parte recebe recursos do fundo partidário ou doações. E o que se sabe é que numa campanha despende-se entre três a quatro vezes mais recursos do que a quantia apresentada ao Tribunal eleitoral. São poucos os que conseguem chegar a Câmara, ou Prefeitura, com somas pequenas. Desse panorama, surge a pergunta: se a campanha política em Itabuna é tão dispendiosa e se os candidatos gastam acima do que ganham, por que se empenham tanto em assumir a espinhosa e sacrificada missão de servir ao povo? Será que há muito desvio entre o espírito cívico de servir e o sentido prático de se servir? É arriscado deduzir sobre ações e comportamentos do nosso corpo político, até porque parcela da Câmara tem atuado de maneira nobre na defesa de seus representados. Sofre, injustamente, críticas por conta da inércia e subserviência cometidas por alguns. E onde brota a semente da corrupção? Vejamos. Nas cercanias da política há um costume conhecido como superfaturamento. Obras públicas geralmente acabam recebendo um “plus”, um dinheiro a mais. Parcelas dos recursos servem aos achacadores e vão para os cofres das campanhas, formando o círculo vicioso responsável pelo lamaçal. E há sempre uma fresta por onde se desvia dinheiro. E isso ocorre porque nos postos chaves estão pessoas de confiança de políticos que as indicaram. Portanto, existem muitos sanguessugas predadores escondendo-se em parcela do corpo político para sugar as veias do Município. Dinheiro e poder são as vigas da vida pública, mas começam a afundar nesse início de ciclo da ética e da transparência.

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