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3 de novembro de 2019

NÃO DÁ PRA ACEITAR CRIANÇAS SEM SALA DE AULA

Acho fantástico viajar anos pelo país, quando
filhos não são postos fora de escolas!
Recentemente, encontrei na naturista praia de Massarandupió, distrito da cidade de Entre Rios, um casal com duas filhas, que estava em viagem pelo país e há quase dois anos rodava pela Bahia. Eram tais quais nômades e consequentemente aqueles pais não estão matriculando suas filhas em escolas públicas ou particulares e assumiram a responsabilidade por orientar os estudos das crianças naquela kombi itinerante. Confesso que achei aquele modo de vida interessante, mas me preocupei com a educação e criação daquelas duas garotinhas. Isto porque o trabalho da escola é construído na premissa de que somos seres sociais por natureza e, como tal, precisamos conviver com gente, de preferência, bem diferente da gente. Essa diversidade – além de representar um fato: somos únicos – é também a maior riqueza de uma nação civilizada, pois ajuda a compreender e respeitar as diferenças, como características do ser humano. Se somos seres plurais, como exercitar a cidadania sem privilegiar o espaço coletivo da escola? Isso não significa que a escola não precise melhorar. Mas daí a não reconhecer o valor social da escola é, no mínimo, desumano – para não dizer injusto – com aquelas duas criancinhas. Se lançarmos um olhar para o mundo do trabalho, teremos ainda mais elementos para defender que as filhas daquele casal não fossem tirada da escola. Afinal, para operar dignamente na vida profissional contemporânea, são necessárias muitas habilidades para além das cognitivas. Hoje, é consenso que a maior parte das demissões acontecem por falta de capacidade empática e cooperação. Não nascemos sabendo operar dessa forma, precisamos aprender. E é para isso que os espaços de convivência em grupo e a pluralidade de experiências cognitivas, sociais, culturais e afetivas – que a escola proporciona – são ricas oportunidades para administrar alegrias e frustrações entre pares e professores e avançar no processo de humanização. Se parássemos por aqui já teríamos argumentos suficientes, para criticar o casal nômade com duas filhas fora da sala de aula convencional. A escola é um dos mais importantes canais de denúncias, nos conselhos tutelares, de abusos por pais, mães e responsáveis contra a criança e o adolescente. São crimes que podem acabar ficando velados no espaço da família, visto que o Ministério da Educação e suas secretarias já encontram dificuldade de fiscalizar adequadamente o funcionamento das escolas – imagine, então, assumir a fiscalização em domicílios, aprovar e avaliar planos pedagógicos individuais. Será que errei em não requisitar a intervenção do Conselho Tutelar, para a necessário de avaliar o discernimento daquele casal sob pretexto de alienação da sociabilidade comprometendo inexoravelmente o processo civilizatório?

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