O racismo ainda judia dos negros no Brasil! |
A história do Brasil tem momentos amargamente irônicos. Os escravos negros foram “libertados”, em 1888, mediante a Lei Áurea (ouro), que prenunciava um futuro dourado, mas se revelou uma armadilha social que se arrasta há décadas. Nas ruas, proibidos de frequentar escolas e, por conseguinte, sem condições de ascensão, os negros criaram favelas, ocuparam as periferias das cidades e foram praticamente esquecidos pelo poder público. Aos poucos, através de muita luta, iniciou-se um processo de resgate histórico, contudo o que se observa hoje ainda está muito distante do ideal. A violência contra jovens negros se agravou nos últimos anos. Eles têm muito mais chance de serem assassinados que os brancos. A situação que chama atenção ocorre aqui na Bahia, onde os negros têm 12 vezes a probabilidade de serem mortos. Ou seja, o quadro de penúria social pouco evoluiu desde o século dezenove para cá. Os negros ganham menos e representam 70% da população em extrema pobreza. A propalada democracia racial não se verifica no Brasil, e isso é secular. Tomemos, por exemplo, a questão cultural. Trazidos da África, os negros tentaram manter as tradições, mas foram duramente reprimidos. A capoeira era proibida e os terreiros de candomblé sofreram ataques constantes, como o que aconteceu recentemente num morro carioca, quando casas de culto afro-brasileiro foram destruídas, seus praticantes espancados, expulsos e execrados. O cerceamento aos direitos dos negros prosseguiu ao longo dos anos, porém de uma maneira mais branda camuflada, contudo o que se vê hoje é um recrudescimento da intolerância sob uma forma mais dura, violenta; nunca se matou tanto. A saída para esse cenário tão cruel, parece óbvia, e é: educação. Para aqueles que defendem a redução da maioridade penal e a execução sumária de suspeitos, é importante destacar que a escola possibilita uma alternativa ao crime, e naturalmente, impede que muitos matem ou sejam mortos dentro de uma estrutura social fadada a contemplar uma casta, branca, católica e com saldo bancário. Enquanto o País não estabelecer a educação como prioridade, vamos continuar assistindo ao desfile de corpos, às mortes sem motivo, às rebeliões nos presídios. Afinal, como canta Elza Soares, “a carne mais barata do mercado é a carne negra”. Isso tem que acabar. Precisamos de paz.
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