É necessário Cuma ressuscitar para Itabuna sobreviver! |
Uma das grandes
entre as pequenas questões em torno do governo do prefeito Fernando Gomes
(Cuma) e do futuro de Itabuna e dos itabunenses, é a seguinte: “E aí, vai mesmo
torcer contra Itabuna?” Por torcer contra Itabuna entenda-se: torcer contra Cuma.
Itabuna é Cuma, Cuma é Itabuna. Ame-o ou deixe-o. Resolvi pensar sobre o
assunto. Essa pergunta teria de ser desmembrada em duas outras, subjacentes. A
primeira: torcer contra determinado governo, ou governante, ou modo de governar
– é, necessariamente, torcer contra a cidade? A segunda: você, seja lá quem
for, torceria sinceramente pelo seu adversário, caso tivesse sido dele, a
vitória? Não gosto dessa identificação entre prefeito e prefeitura, entre aliado
e adversário e, principalmente, entre governo e município. Não torço contra Itabuna
porque moro nela, minha família mora nela, aqui vivemos e aqui, provavelmente,
morreremos. Nem por isso me sinto moralmente obrigado a torcer a favor de certo
governo, ou governante, ou modo de governar. Parece contraditório, mas não é. Cuma
representa a si mesmo, mais do que Itabuna. No caso das eleições, por exemplo, em
que ele conquistou seu quinto mandato, se é verdade que mais de 34 mil pessoas
votaram nele, é também verdade que outras quase 50 mil não votaram. Isso conta
ou deveria contar, numa democracia. Democracia não é exatamente o governo da
maioria, mas de uma minoria que é um pouco mais numerosa do que as outras
minorias. A soma de todas as minorias que perderam é maior do que a minoria que
venceu. Estou, portanto, confessando que torço contra o governo de Cuma? Nem
por isso. O caso, e isso é outra nuance, não é de torcer, mas de criticar sem
boa vontade. De olhar com menos condescendência e simpatia para um governante
em quem não votei. Se eu tivesse boa vontade para com ele, teria votado nele.
Não votei. Estou pronto para dizer “Olha lá, eu não avisei?” à primeira
besteira que ele fizer. Isso é compreensível. Eu critico e criticarei Cuma porque
não vejo nele as qualidades que outros veem. E aqui chegamos à segunda
pergunta: todos esses fernandistas que hoje torcem por Itabuna – ou seja:
votaram no Cuma e torcem por ele –, também torceram para que o corrupto Geraldo
cabeça de Pitu fizesse um bom governo? Os fernandistas torceram para um ótimo
governo do PT? Torceriam novamente? Sim, eu sei, há as mazelas que foram
cometidas. Mas imaginemos antes – antes das incorreções, antes de tudo, quando
Geraldo era uma figura tão controversa, porém idônea penalmente: naquela época,
se pudessem voltar no tempo, torceriam por ele? Fernandistas não. Não votaram
nele e nem torceram nem torceriam por ele. Geraldo sempre representou uma visão
de mundo, um conjunto de valores que nunca foram os dos fernandistas. A
antipatia era, e é, pessoal, política, partidária e ideológica. Queriam mais
era que ele se danasse, que cometesse erros, que trocasse os pés pelas mãos –
tudo para que caísse, tudo para que fracassasse, tudo para que eu pudesse
dizer, cedo ou tarde: “Olha lá, eu não avisei?” Aqui, volto ao princípio: por
acaso prefeitura é prefeito? Cuma é poder? Fernandistas e geraldistas são
Itabuna? Perigosa, essa confusão entre acidente e substância. Portanto,
prefiramos torcer para que Cuma não erre tanto, porque governa a cidade em que
vivo, mas que sua visão de Itabuna – que considero precária; uma versão à direita
da precariedade de Geraldo – não se perpetue. Que ele comece a fazer um governo
bom ou razoável, mas que Itabuna siga sem ele o mais rápido que puder. Até
porque, convenhamos, fazer um governo bom ou razoável depois de governos tão
ruins, quanto os anteriores, não é mérito. É o mínimo que se espera.
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