Cuma é um espertalhão se fingindo de bobo pra enganar o povo! |
Ninguém está mais apto para mentir, que o político. Pouca gente usa tanto a mente, para agir, indecentemente, quanto o governante. E para tanto há que, inevitavelmente, existir quem se submeta à condição de mentecapto, pois "triste dos sabidos, se não fossem os bestas". Para cada espertalhão da política, ou do governo, devem existir milhares de mentecaptos. O mentecapto é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando." Ser mentecapto às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o mentecapto tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia. O mentecapto tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos mentecaptos, e estes os vêem como simples pessoas humanas. O mentecapto ganha utilidade e sabedoria para viver. O mentecapto nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o mentecapto é "o cara"! Há desvantagem, obviamente. Um mentecapto, por exemplo, confiou na palavra de um candidato, que prometeu coisas que não foram cumpridas e acabou se sentindo trapaceada. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser mentecapto é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranqüilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O mentecapto não percebe que venceu. Aviso: não confundir mentecaptos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o mentecapto não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?" Mentecapto não reclama. Em compensação, como exclama! O mentecapto é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por mentecaptos. Ser mentecapto é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por mentecaptos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os mentecaptos ganham a vida. Bem-aventurados os mentecaptos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem. Há lugares que facilitam mais as pessoas serem mentecaptas (não confundir mentecapto com burro, com tolo, com fútil). Itabuna, por exemplo, facilita ser mentecapto. Ah, quantos perdem por não nascer em Itabuna! Mentecapto tal qual o poeta, o pintor, ou o artesão... que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar excesso de amor que o mentecapto provoca. É que só o mentecapto é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o mentecapto. Assim como existem aqueles que se metem em fria por absoluta falta de inteligência e de noção, existem aqueles espertos que sabem muito bem o que estão fazendo. E medem milimetricamente todas as consequencias. Roubam dinheiro público, fraudam licitações, superaturam contratos e tantas outras coisas, agindo como se fossem idiotas. Será que não sabem que um dia podem ser presos ou processados? Não só sabem, como estão preparados para, se e quando, isso acontecer. Tem explicações na ponta da língua e advogados, dezenas deles, no outro lado da linha. E conhecem todas as fragilidades, dubiedades e confusões da legislação brasileira. Até porque algumas das leis confusas, mal redigidas e dúbias foram feitas e aprovadas dessa forma por parentes e amigos seus, deputados e senadores. Eleitos pelo voto de idiotas e imbecis (nós todos), que acham que estão cumprindo seu dever cívico e ajudando a democracia. Os verdadeiros espertalhões, quando pegos, acabam mal. São presos, transferidos, demitidos, expostos à execração pública e, com sua inteligência escassa, em geral sempre metem os pés pelas mãos. Mas os falsos nunca se dão mal. São profissionais. É mais fácil que se dê mal quem os denuncia e pensa estar prestando um serviço à sociedade. Porque o denunciante não tem como saber quem indicou quem, quem deve o que a quem ou quem come quem. Os espertalhões, sempre têm as costas quentes e sempre têm o rabo de genteimportante bem preso. Por isso, nunca se apertam. Pra nós, resta a náusea causada pelo gosto amargo da impunidade e da impotência.
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