Crápulas e pústulas enriquecem com o empobrecimento dos itabunenses e da prefeitura de Itabuna! |
Quase sempre que acontecem eleições em Itabuna, lá estão entre os vitoriosos Fernando Gomes (Cuma) e Geraldo Simões (Cabeça de Pitu). As pessoas iradas comentam nas redes: “como isso é possível”, “que povo é esse” que ainda vota em “gente assim tão desqualificada e corrupta”; “que cidade é essa?” “Vou me embora desse antro de tupiniquins” e por aí vai. Por que os itabunenses votam em polticos corruptos? Quer saber? Nossa memória é a grande responsável por essa tragédia ética. É verdade que alguns eleitores trocam o voto por dinheiro ou dentaduras ou cesta básica de alimentos. Mas isso é uma minoria. São as massas (de todas as classes sociais: elites e classes A, B, C, D e E), no entanto, que decidem as eleições (e que votam nos corruptos). Não é verdade que os eleitores de Cuma e o Cabeça de Pitu, sejam apenas das classes sociais do topo ou da base da pirâmide. Todas as classes sociais votam neles. Como isso acontece? Dentre outras, as explicações neuropolíticas parecem interessantes. Nosso cérebro memoriza e aprende as coisas da vida por meio dos êxitos, não dos fracassos. O homo sapiens, nos primórdios, aprendeu a caçar suas presas pelos êxitos, não pelos erros. Fracassos nós deixamos de lado rapidamente. Quem gosta dos nossos fracassos são os nossos inimigos. Deixe-os então para eles. Nós gostamos dos êxitos. A verdade é que nossa memória registra pouco dos nossos fracassos (e provoca poucas mudanças estruturais e comportamentais). É por isso que, como se diz popularmente, “somos o único animal que tropeça duas vezes na mesma pedra”. O que mais queremos na vida são as recompensas, as vantagens, os benefícios, a sensação de bem-estar, a satisfação dos interesses, o prazer, a alegria, enfim, as coisas boas. Ninguém se interna num hospital para passar umas férias. Nas nossas ações diárias, quando ativamos esse sistema de recompensa, queremos resultados positivos (bons, prazerosos). Se eles acontecem, nossa memória (por força de uma série de mecanismos cerebrais) registra o ocorrido e nos faz aprender, ou seja, nos faz reproduzir no futuro o mesmo comportamento para obter novas recompensas. Se votamos ou apoiamos um político e ele nos traz benefícios e melhoras na nossa qualidade de vida, nosso cérebro aprende que a reprodução do mesmo gesto ou voto pode gerar novos estímulos de recompensa. Esse é o fenômeno que explica, por exemplo, a eleição de Geraldo em 2.000 (apesar de ter sido um fracasso na década de 90). O povo esperava dele novas retribuições. Os políticos experientes sabem que as massas dão prêmios ao passado de êxitos (repita-se: ainda que se trate de um corrupto, ou de um populista, isso acontece); elas reconhecem o que de bom foi feito para elas. Quando as massas não são recompensadas e ficam iradas, até um contrato com empresa de lixo é suficiente para o cartão vermelho. Caso contrário, os olhos se fecham, os ouvidos são tapados e as bocas se calam. É assim que a putrefação ética se espalha na vida pública. As explicações da neuropolítica podem ser contestadas, mas nos fazem pensar.
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