Se lessem e praticassem Maquiavel, Vane e Cuma, talvez não estivessem atualmente como "chute no saco do povo" |
É preciso
colocar os óculos do tempo para ler O Príncipe, de Nicolau
Maquiavel, o filósofo italiano que há mais de 500 anos escreveu a obra na qual
detalha como um governante pode chegar e se manter no poder. Seu famoso tratado
completou cinco séculos e, em muitos aspectos, continua atual. Não respeitar os
conceitos maquiavélicos, sempre resulta em disssabores políticos. Recorro a
este fato, para recordar a malfadada oportunidade que tivera o então prefeito
Vane do Renascer, em Itabuna. Suas decisões, indecisões e frouxidões, mostraram
que um principais conselhos aos governantes foi esquecido por ele: estar atento
ao povo. "A um príncipe é necessário ter o povo ao seu lado",
insistia ele. "De outro modo, ele sucumbirá às adversidades." Descumprir
promessas se preciso, agradar ao povo e saber fazer alianças são exemplos dos
ditos do autor - os mesmos, por sinal, que o tornaram tão famoso e
incompreendido. Cinco séculos atrás, o filósofo alertava para as sutilezas com
que essas ações deveriam ser colocadas em prática. Vane não deve ter lido a
parte em que Maquiavel coloca que política é um território traiçoeiro e que nem
sempre uma conduta marcada por princípios rígidos leva aos melhores resultados.
Vane, então, compreenderia bem quando políticos fazem alianças com partidos com
linha ideológica diferente ou quando oferecem cargos em troca de apoio nas
eleições. E saberia que o que Maquiavel fez foi chamar atenção para a
imperfeição do homem, para o jogo de interesses, apontando essas nuances como
refletexo na ação política e administrativa. Vane não conseguiu entender que a
continuidade de um governante no poder exigiria mais que alianças e boa
retórica e por isso Maquiavel recomendava sensibilidade para reconhecer os
anseios do povo. Na prática. O Príncipe foi escrito num
período monárquico, de reinados hereditários ou obtidos pelas armas. Ao longo
dos seus 26 capítulos, Maquiavel fez comentários como: "Os príncipes devem
encarregar outros das ações sujeitas à insatisfação, mas assumir eles próprios
aquelas concedentes de deleite ". As práticas descritas no livro tratam de
como conquistar e manter o poder. No caso de Itabuna, se pegarmos os últimos
governantes, talvez o que não tenha seguido o caminho descrito por Maquiavel
tenha sido o evangélico Vane do Renascer. Ele usou suas armas para conquistar o
poder, mas não soube se manter no cargo. Vane pecou quando se submeteu à
condição de décima quinta pessoa depois de ninguém, ao terceirizar seu governo
e fazê-lo chamuscado pelos comunistas. De Maquiavel continua vivo no atual
prefeito Fernando Gomes, justamente o que não é dele: "Políticos ainda
estão no universo pré-maquiavélico, do apego às técnicas de dominação sem a
percepção do que pode ser feito de democracia, de soberania popular. Talvez
seja o caso de os políticos, estejam na base ou na oposição, relerem Maquiavel,
mas com as lentes do século 21.
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