Eduardo Bolsonaro foi o deputado federal mais votado do País |
Os paulistas que
teclaram na urna eletrônica os números de Eduardo Bolsonaro ou Joice Hasselmann
– os dois candidatos a deputado federal mais votados do País nas eleições 2018
– assinaram também um cheque de pelo menos R$ 110 milhões em recursos públicos
para o PSL, o partido da dupla. O dinheiro será recebido ao longo dos próximos
quatro anos. Em conjunto, os dez deputados federais mais votados do País
valerão cerca de R$ 230 milhões – se eles fossem um partido, ficariam em
terceiro lugar no ranking do recebimento de verbas públicas. Cada voto recebido
por esses parlamentares significará um ingresso de R$ 38 nas contas de seus
partidos durante o mandato. Os recursos são os do Fundo Partidário, que bancam
as atividades e a estrutura dos partidos políticos, além de parte dos gastos
eleitorais. As verbas vêm do Orçamento da União e são distribuídas
proporcionalmente aos votos que cada legenda recebe na eleição para a Câmara
dos Deputados. Somados, Eduardo e Joice receberam 2,9 milhões de votos, o que
equivale a 3% do total para deputado federal em todo o País – incluindo a
votação de legenda. Isso é mais do que o total destinado a 24 partidos, entre
eles PSOL, Novo, Podemos, PROS e PTB. Por causa da avalanche de votos, os dois
deputados serão responsáveis por um quarto dos recursos do Fundo Partidário que
o PSL receberá. Eles valerão R$ 27,6 milhões em 2019 e R$ 110 milhões ao longo
de quatro anos. As estimativas levam em conta o montante distribuído pelo Fundo
Partidário neste ano – entre 2019 e 2022, o valor pode aumentar, o que elevaria
ainda mais o peso monetário de cada voto recebido. Além disso, a votação dos
partidos tem peso na distribuição do Fundo Eleitoral – outra “torneira” de
dinheiro público que é aberta de dois em dois anos. Os chamados puxadores de
votos, portanto, não apenas ajudam os partidos a ampliar suas bancadas na
Câmara, mas também enchem de dinheiro os cofres das legendas. No caso do PSL,
não apenas Eduardo Bolsonaro e Joice Hasselmann deram forte contribuição. Hélio
Fernando Barbosa Lopes, subtenente do Exército, integra o mesmo partido e foi
eleito no Rio com 345 mil votos – oitava maior marca de todo o País. Em quatro
anos, os votos dele renderão R$ 13 milhões para a legenda. Partido nanico até
recentemente, o PSL receberá, em 2018, menos de 1% do Fundo Partidário. A
partir do ano que vem, essa parcela será multiplicada por 12. O partido foi
beneficiado pela votação do presidenciável Jair Bolsonaro e pela popularização
do número 17, que identifica tanto o candidato ao Palácio do Planalto quanto a
legenda na urna eletrônica. Outros partidos que aparecem no ranking dos dez candidatos
a deputado mais votados são PRB, DEM, PSB, PR, Novo, PSOL e Avante. Celso
Russomanno, do PRB, recebeu mais de 500 mil votos em São Paulo. Essa parcela
renderá ao partido quase R$ 20 milhões em quatro anos. Kim Kataguiri, líder do
Movimento Brasil Livre (MBL) e eleito pelo DEM, recebeu 465 mil votos, também
em São Paulo. Essa votação dará ao partido direito a cerca de R$ 17,5 milhões
entre 2019 e 2022. Pela terceira legislatura seguida, o deputado reeleito
Tiririca (SP) será uma das principais fontes de recursos públicos para o PR,
seu partido. Nos próximos quatro anos, Tiririca garantirá o ingresso de R$ 17
milhões nos cofres da legenda. Isso se deve aos mais de 450 mil votos que ele
recebeu do eleitorado paulista e à regra que distribui os recursos do Fundo
Partidário segundo a votação recebida por cada partido na eleição para a Câmara
dos Deputados. Se as regras não mudarem e o valor do Fundo Partidário se
mantiver próximo ao nível atual, o PR terá, nos próximos quatro anos, um
retorno superior a 1.300% sobre o investimento feito na campanha dele. O
diretório nacional do partido gastou R$ 1,2 milhão para promover a candidatura
do palhaço e deputado na campanha de 2018. Tiririca já foi até mais valioso
para o partido. Entre 2015 e 2018, ele rendeu cerca de R$ 50 milhões para o PR,
em valores atualizados, somente de recursos do Fundo Partidário – a conta não
leva em consideração o Fundo Eleitoral, cujo rateio também é, em parte,
calculado segundo a votação para a Câmara. Em 2014, quando concorreu à reeleição
pela primeira vez, Tiririca recebeu pouco mais de 1 milhão de votos. Foi o
segundo mais votado em São Paulo e no Brasil, atrás apenas de Celso Russomanno
(PRB). Em 2017, após uma atuação parlamentar apagada, Tiririca voltou a ocupar
os holofotes do circo político ao anunciar que abandonaria a vida pública.
“Saio com vergonha”, afirmou, ao discursar pela primeira vez em sete anos. Era
uma piada.
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