Está comprovada a importância do caminhoneiro no Brasil |
Estamos vendo, ainda que como menos força, a
paralização dos caminhoneiros gerando dificuldades de todas as formas, mas
ainda há uma espécie de liga entre eles e a população, em geral. O que determinaria
esta empatia (capacidade psicológica para sentir o que sentiria uma outra
pessoa caso estivesse na mesma situação)? Já que o Brasil se encontra tão
dividido, em um tal de você é errado, eu sou o certo. De imediato, sabemos que
os símbolos evidenciam lados dos times, digamos assim, e o Brasil consagrou
dois “padrões futebolísticos” para os seus lados: a cor vermelha e a amarela em
camisas, bandeiras, estandartes...os caminhoneiros não estavam com “cor padrão”
alguma, logo estavam neutros – mais ou menos, claro. E se estavam “neutros” era
uma luta de todos. De outro lado, havia, inegavelmente, uma necessidade de
catarse (termo de origem filosófica com o significado de limpeza ou purificação
pessoal) nacional generalizada, em face de tudo que vemos por aí, mas nem
sempre gritamos, bradamos porque isto implicaria em irmos “de encontro” à
torcida que pertencemos: é uma mala aqui correndo pela rua, são caixas ali
cheias de dinheiro, é o desemprego, são líderes de uns e outros sendo lançados
à lama da quebra da imagem...porém essas questões por si mesmas não podiam ser
expostas, pois faríamos uma espécie de confissão de equívocos, muitas de uma
vida inteira, e vulneraria a nós mesmos, sabe aquela questão bem baiana de “não
dar ousadia”? Passa por aí. Há ideias e
sentimentos que só surgem ou se transformam em ações nos indivíduos ligados
numa massa. Esse movimento, assim, fez deixarmos a as conveniências de lado, e
realmente começamos a expressar toda a enxurrada emocional que guardávamos no
interior. Se a multidão se organiza em resposta a emoções partilhadas, o
público organiza-se em face de um tema, disse alguém. Então, circulou “somos
todos caminhoneiros”. Muitas pessoas têm essa necessidade de se fazerem
ouvidas, ainda que nem percebam isso. Nesse sentido, a internet e o surgimento
das redes sociais acabaram contribuindo para que milhões e milhões de anônimos
pudessem sentir a sensação de que estão sendo ouvidos. Infelizmente, no
entanto, se criou uma espécie de interesse seletivo e sazonal por parte do povo
brasileiro, onde a cobrança de ética e cidadania só vale para o que não me
afeta. Bem assim, pois até nesses momentos de crise vemos os “espertinhos”, por
todos os lados, querendo levar vantagem, ainda que fosse furando a fila nos
postos de gasolina. Por José Medrado, líder espírita, fundador da Cidade da
Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal.
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