O prefeito de Salvador teve habilidade e fez a greve acabar! |
A imagem do presidente do Sindicato dos Rodoviários, Hélio Ferreira, ao lado do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), durante o anúncio de um acordo prévio para colocar um fim na paralisação da categoria é simbólica. Hélio Ferreira é vereador da capital baiana pelo PCdoB e permaneceu ao lado do gestor da capital baiana no anúncio. O possível entendimento entre sindicato patronal e rodoviários, com uma proposta de reajuste de 2,7%, foi, sem dúvidas, uma jogada de mestre do prefeito de Salvador. Diante da possibilidade de ter a imagem da prefeitura desgastada com a população com a continuidade da greve, ACM Neto conseguiu capitalizar politicamente algo que normalmente é associado aos partidos de esquerda: a obtenção de acordo entre patrões e empregados. Tudo isso em um contexto em que a prefeitura retesou ao máximo a relação com os empresários, com direito a críticas duras quanto ao posicionamento dos representantes do antigo Setps e, indiretamente, incentivou os rodoviários a manterem a paralisação em busca de algum tipo de conquista para a categoria. Os trabalhadores tinham a força para operacionalizar a greve e conseguiram manter ao menos por 24h a categoria mobilizada. A população, que poderia ser considerada a principal vítima da paralisação, não se manifestou contrária ao movimento paredista, ainda que tenha sofrido as consequências do dia sem ônibus. E não deu tempo para que houvesse um desgaste maior. Enquanto na Justiça do Trabalho não houve acordo, uma conversa reservada conduzida por ACM Neto chegou ao entendimento sobre o tema. Um eventual desgaste da população com a prefeitura também não deu para ser sentido, mesmo que os adversários da prefeitura tenham tentado culpar a gestão do democrata por arrochar contra o empresariado e obrigá-los a não conceder o reajuste da categoria. Por mais incrédulo que seja o soteropolitano, é impossível não admitir que, nesse processo paredista, além dos rodoviários que conseguiram um reajuste salarial, ACM Neto tem algo a comemorar: saiu com capital político maior do que antes da deflagração da greve.
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