Abundam candidatos "cara de paus", com suas prestações de contas, que só enganam os técnicos que as fiscalizam! |
As eleições de
2018, em tese, acontecerão sem financiamento por pessoa jurídica. Empreiteiras
não poderão financiar campanha eleitoral. Digo em tese porque o Brasil é o país
do caixa dois. É aquele caixa que existe, mas não existe. Dinheiro não
contabilizado, para enganar o fisco, é de onde sai para as campanhas. Há um
sinal novo, porém. Em campanhas eleitoras anteriores, nesta altura do
campeonato, já se teriam montes de gentes se movimentando pelo estado com
dinheiro de empresas. Não há essa movimentação agora. Sinal de que o dinheiro
está curto? Haverá nestas eleições financiamento público de campanha. Foram
destinados 1.7 bilhões de reais para a campanha que será distribuído de acordo
com o tamanho da bancada de Deputado Federal de cada partido. Somem àquela
quantia o Fundo Partidário ou mais 800 milhões de reais. Campanha para
presidente pode gastar até 70 milhões de reais do fundo eleitoral (a da Dilma
custou mais de 300 milhões, a do Aécio beirou isso). De acordo com o eleitorado
de cada estado, governadores terão de 2.8 milhões a 21 milhões. Senadores terão
de 2.3 milhões a 5.6 milhões de reais. Deputado Federal até 2.5 milhões e
estaduais até um milhão. Pode haver também financiamento privado de até 10% do
rendimento bruto do ano anterior do doador. Outra novidade que, aliás, já
começou na eleição para prefeitos, será a diminuição do tempo da campanha de 90
dias para 45 e da propaganda eleitoral de 45 dias para 35. A alegação é que,
com menos dinheiro na campanha, com tempo menor se gastaria menos. Ou pode ser
uma jogada para beneficiar os atuais parlamentares que já são conhecidos e
buscam reeleição. Atrapalha os novatos que não terão tempo para se mostrar. A
saída talvez seja usar bastante a mídia social. Não poderá haver, na propaganda
eleitoral, artimanhas em computação gráfica, desenhos animados, efeitos
especiais ou montagens para pescar o eleitor. Marqueteiros sabem que eleitores
não ligam muito para plano de governo ou quem foi mais convincente num debate.
Fisgam o eleitor pelo emocional. Sem trucagens, qual invenção nova virá? A
cláusula de barreira é a melhor novidade para a eleição. Quem não tiver 1.5%
dos votos distribuídos em nove ou mais estados vai ter problema para
sobreviver. Ou, melhor ainda, quem não fizer no mínimo nove deputados federais
terá diminuição do fundo partidário e tempo no horário gratuito. Pesquisa
mostrou que, se essa cláusula existisse desde 2014, hoje só teria 18 partidos
no Brasil. A cláusula vai aumentando até chegar a 3% dos votos nacionais em
2030. Em cada eleição aparecem novas invenções eleitorais. Em outros países
crianças sabem como funciona a eleição porque as normas eleitorais existem por
décadas. A classe política, repete a coluna, faz o que quer no Brasil. Em outros
países ela obedece à opinião pública. Aqui não.
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