Por
que determinados políticos, reconhecidamente cínicos,
inúteis, parasitas, hipócritas,
continuam a se eleger continuamente e ter relevância política na
Bahia?
Alguns casos são bastante emblemáticos neste sentido, por exemplo
Davidson
Magalhães (PCdoB),
que mesmo sendo reconhecidos pelo público como símbolos da
inoperância
na política, continua a possuir um eleitorado fiel. Por que ao mesmo
tempo em que o Congresso e o Senado têm uma credibilidade baixa com
o público, estes também têm uma taxa de renovação sempre baixa a
cada eleição? Tais perguntas não possuem respostas simples.
Colocarei aqui um ponto de vista particular, uma visão bastante
“economista” do caso, que acredito ser capaz de melhorar um pouco
o entendimento deste fenômeno contraditório; e com certeza um ponto
de vista que pode nos iluminar mais do que a clássica e
preconceituosa explicação de que “o povo é burro”. Um dos
conceitos favoritos de analistas
da política,
é
a ideia de “ignorância racional”. Isto se refere a uma situação
onde um agente decide racionalmente ser ignorante sobre um assunto,
porque os custos de aprendizado superam os benefícios do
conhecimento. Por exemplo, apesar de eu querer aprender árabe, os
custos de passar alguns anos estudando esta língua não são
suficientes para justificar um desejo com pouca aplicação (portanto
eu sou racionalmente ignorante em árabe). Este conceito pode ser
aplicado ao comportamento dos
eleitores do
burguês e elitista Davidson Magalhães:
ao mesmo tempo em que o voto individual de um eleitor tem
probabilidade próxima de zero de alterar o resultado das eleições,
existem custos associados a pesquisar sobre
o candidato,
assistir horário eleitoral, decidir sobre quais propostas são
melhores para a sociedade, e finalmente decidir quais são os
melhores candidatos. Existe, portanto, uma tendência de eleitores de
políticos como Davidson Magalhães, a
serem racionalmente ignorantes em política. Ao mesmo tempo em que
existem poucos incentivos a uma escolha cuidadosa dos candidatos, no
Brasil existe um incentivo a votar em alguém, que é a
obrigatoriedade do voto. Existem três opções para um eleitor
“racionalmente ignorante” em política: (1) abster-se de votar;
(2) votar em branco, nulo; e (3) votar em qualquer um. As três
opções possuem custos associados praticamente idênticos, que é o
custo de se deslocar até uma seção eleitoral e justificar/anular o
voto/votar em qualquer um. A escolha (3) pode parecer a mais
persuasiva para alguns agentes, pelo apelo a uma suposta
“participação na vida política do país” ou o cumprimento de
um dever cívico, apesar dos dados relativos a abstenções e votos
não-válidos sugerirem que os agentes são indiferentes entre as
três opções. Tal convergência de incentivos pode explicar dois
fenômenos comuns na política: (1) a eleição de figuras públicas
ruins,
como Davidson
Magalhães;
e (2) a reeleição de figuras políticas já conhecidas, mesmo com
reputação de
parasitas, como é o caso do dito cujo.
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