O Cururu logo verá, que o povo não é cego! |
As pessoas estão por fora da realidade em que vivem. Esta
constatação é um tanto óbvia, pois o fato é que não sabemos nada de nada. Somos
uma gente campeã de ignorância, desconectada com a percepção da realidade
local, nacional e internacional; dos debates morais acerca da ética, religião e
política. Nossa especialidade é dominar assuntos de futebol, novelas e Big
Brother. Boa parte da sociedade tem uma interpretação equivocada da realidade.
Somos ignorantes. A tese mais racional é de que não estamos apenas
despercebidos, mas somos induzidos a perceber com uma velocidade cada vez maior
e complexa. Pessoas, fatos, comportamentos, vivências, e o conjunto das
experiências de cada um, em cada cidade, em cada família, constituem uma grande
espiral de percepções necessárias para compor um quadro da realidade objetiva. Notamos
que, infelizmente, a política tem sido elaborada em um ambiente que favorece a
ignorância. Para muitos políticos profissionais, grupos, lobistas e salteadores
das verbas públicas, quanto menos interesse sobre um assunto, melhor. Os
portais de transparência das gestões públicas são labirintos digitais que
induzem o cidadão à impaciência de pesquisar qualquer coisa. É desta rebarba
tosca da velha política que se nutrem os conchavos das empresas como a
Biosanear, os megaprojetos de administração privada da UPA, as obras faraônicas
de finalidades ocultas, e, o pior de todos os caminhos para o financiamento de
candidaturas de parentes e aderente. Quando focamos em religião, filosofia,
sociologia e temas afins, há um grande desestímulo à curiosidade e à
criatividade. É onde a ignorância vai se consolidando através do sistema
educacional e religião. Crer sempre foi mais difundido do que o saber. Não é à
toa que temos poucos anos de compreensão da pesquisa e desenvolvimento em
Ciência e Tecnologia como área estratégica das políticas públicas. Pode ser
somente uma questão filosófica mesmo. O óbvio de tudo isso, é o que já ouvimos
por aí desde os tempos de Sócrates: "Só sei que nada sei". O sistema
não nos permite olhar o sistema e, para muitos, o único inferno possível é a
ignorância humana. Muita gente só se deu conta do quanto é raso nosso
conhecimento quando o compadre Washington repetiu na TV: hum, sabe nada,
inocente!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente no blog do Val Cabral.