Não há nada mais importante que Família. Na foto, meus pais e irmãos: Abmael (pai), Dimil, Dai, Eu, Cal, Alda e Nem... Nice, minha amada e saudosa mãe! |
Lá estava eu em mais uma
entrevista de rotina. O tema era o colégio militar em Itabuna. Na sala da
coordenação, eu colhia tudo o que julgava necessário para minha matéria, até
que ele entrou. Um senhor de sorriso gentil passou pela porta. Ele usava boné,
mochila nas costas e uma roupa suada, o que denunciava que devia ter andado
muito até chegar ali. Nas mãos ele trazia um papel com o nome do filho. O
senhor queria saber se o menino havia conseguido alguma das vagas sorteadas.
Logo lhe disseram que a lista estava disponível numa parede próxima de onde
estávamos no prédio. Ele recuou, meio sem jeito, e disse que havia esquecido os
óculos. Eu costumava ouvir isso de pessoas que não sabiam ler, mas que tinham
vergonha de falar. Ou talvez o homem só não conseguisse ler sem as lentes. Eu
me ofereci para ajudá-lo. Estava confiante que veria mais um pai feliz com a
conquista do filho. E aquele parecia um pai especial. Chegamos ao local e o
homem estava sorridente diante de inúmeras listas. Claro que com tantos papeis
a chance do nome do filho estar em um deles era maior. Então eu também me
empolguei. O senhor disse que queria uma escola boa para o filho dele. E não é
só ele que pensa assim. O Colégio Militar é a melhor referência de educação pública em Itabuna. E lá fui eu
procurar, lista por lista, o nome do menino. Procurei uma, duas, três vezes,
mas não encontrei. Poxa. Fiquei tão triste que voltei a procurar mais uma vez.
Como eu daria aquela notícia para o homem de olhos gentis? Depois de um tempo
revelei que não estava encontrando o nome do jovem. Apesar disso, o senhor não
desanimou e disse que iria esperar por novas vagas. Ele se encheu de esperança
e foi embora. De volta para casa acabei percebendo que não perguntei o nome
dele, mas não vou me esquecer daquele sorriso bondoso. O sorriso de um pai que
quer o melhor para o filho. Tão lindo ver pais que não tiveram muita
oportunidade de estudo e que por esse exato motivo buscam boas escolas para os
filhos. Quantos pais por esse mundo não acabam tirando o alimento da boca para
dar ao seu pequeno? Quantos não sacrificam o salário suado para vesti-los bem?
Quantos não abrem mão do que gostam para por o filho em primeiro lugar? Isso me
fez refletir e agora me pego com o peito cheio de gratidão pela criação e amor
que recebi. Nossos pais não são perfeitos, mas nos amam. Isso deve ser
valorizado.
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