Natal será melhor sem corruptos infernizando a vida do povo |
Como a maioria, fui criado em um lar cristão,
onde minha mãe manteve até o último Natal de sua vida uma apaixonada e
comovente veneração pelo período natalino. Ela reunia a família e realizávamos nossas
preces, onde sob a égide da Bíblia, as suas preocupações iam muito além da
família e dos amigos; estendiam-se sempre aos mais desfavorecidos, os que
estavam desprotegidos e abandonados. Por sorte minha e da família, minha esposa
mantém a mesma tradição. Sabemos todos, Bom Velhinho, que o senhor é lá das
bandas da Noruega, Finlândia, lugares civilizados e desenvolvidos, onde se
respeitam a cidadania e o dinheiro público. Lá os impostos são altos, mas o
retorno em serviços públicos, em saúde, segurança, educação e transportes
públicos são compatíveis com o cobrado e pago. Existe distribuição de renda
adequada e respeitosa. Aqui nesse nosso país de bandidos de toga, gravatas e
colarinho branco, infelizmente, a coisa é muito diferente... Como recomendam
reflexões nessa época e com tantos desafios para 2018 tentei fazer essa
cartinha para o senhor, até porque as possíveis soluções desses graves
problemas nacionais são ao mesmo tempo tão difíceis quanto óbvias. Primeiro
presente que lhe peço, meu Bom Velhinho: já que todos estão imbuídos do
espírito natalino, faça-os acreditar que a aritmética existe, e que ela ao
mesmo tempo em que soma os números, os divide, os multiplica e principalmente,
os subtrai. Aritmética e matemática, diga a eles, baixinho e respeitosamente
Papai Noel : são ciências exatas. Assim, Bom Velhinho, esclareça-os: se uma
elite dos funcionários públicos quer ganhar entre R$ 150.000, 00 a R$ 220.000,00
mensalmente, além dos décimos terceiros, recessos, feriadões prolongados,
aposentadorias precoces e outros privilégios, é só fazê-los ver que o Tesouro
nacional é único e em uma dessas operações, a subtração, se mostra que o que se
esbanja em setores da elite pública falta para a maioria dos brasileiros, que
passam muitas necessidades, muita insegurança e muita humilhação, pela miséria
a que são submetidos. Bom Velhinho, se não for pedir demais, solicite também
aos poderosos do Legislativo e do Executivo que observem em seus quintais.
Talvez, possa até dizer, com seu jeitinho bonachão e fazendo das tripas
coração, que a corrupção por aqui já ultrapassou todos os limites toleráveis.
Se aguentar, arrisque alertá-los que a indignação com a esbórnia no setor
público é tanta que o descontrole, a violência e a insegurança se espraiam até
nos campos de futebol – que horror! Papai Noel, sei que é muita pretensão de um
simples blogueiro enjoado e repetitivo, que em uma época destas – quando todos
só deviam trocar presentes, transmitir congratulações, desejar saúde e
felicidade, dar abraços e beijos! –, vir com uma conversa chata destas! Mas é
de quem vê tanto sofrimento, tanta dor, vê tanta insensibilidade, tanta falta
de solidariedade, que, como uma criança que acredita em Papai Noel, perde a
vergonha e faz uma cartinha dessas, pensando que o próximo Natal pode ser um
pouquinho mais humano e mais digno para essa maioria de brasileiros despossuída
e desprezada. Muito obrigado ao senhor, volte sempre!
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