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Câmara

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24 de dezembro de 2017

A ROSA E O DESPERTAR DO TEMPO EFÊMERO


É num cemitério onde os vivos se despertam para a vida!
Participava das celebrações de um funeral, há poucos dias, quando vislumbrei alguém entregar uma rosa a um parente próximo de um parente do falecido. Naquele exato momento, lembrei, haver, quando da chegada ao cemitério, lido em uma das lápides ali existentes a seguinte frase: cuide-se, hoje sou eu, amanhã será você. Duas lições de vida. No que diz respeito às rosas, sou amante delas, por deixarem seu perfume nas mãos do doador, mas, principalmente, pelo fato de, na grande maioria das vezes, caracterizarem um ato de gentileza, palavra doce, nutridora, tanto do coração do praticante sincero, como aquecendo os sentimentos de quem as merece, agraciado por tal ato. Sempre lembrando as palavras lidas naquele mausoléu constatei estar claro ser um só o destino de todos. Pouco importam, o poder, os títulos ou os aplausos recebidos. Na hora da verdade, sejam ricos ou pobres, o último suspiro sempre vem. Nosso ambiente está repleto de pessoas, prioritariamente preocupadas em Ter mais do que em Ser; em atropelar tudo e todos em seu caminho; em edificar grandes obras, todas feitas em madeira, tijolos e areia, sem oferecer a necessária atenção aos viventes em seu entorno. Com o passar dos tempos, estes indivíduos se tornam tristes por notarem ser, muitas de suas edificações, reais ou simbólicas, não resistentes nem às chuvas caídas no inverno itabunense. Ao contrário, os apoiadores de seus atos em pilares de gentileza nem precisam comprar flores para os demais, por cultivarem, em seus corações, um completo e perfumado jardim. Conheço pessoas que passaram pela vida esforçando-se para ajudar ao próximo, levando-lhe, quando necessário, mesmo um simples abraço, sempre de forma sincera, deixando clara a mais pura verdade, onde não existe espaço para cobranças, por haver doado espontaneamente, sem nunca esperar retorno outro, senão um sorriso. Ao termino da solenidade fúnebre, deixei o local, sem esquecer o aprendizado ali vivido. Pensei em quem confunde o patrimônio público, com o seu próprio e, por momentaneamente ocuparem postos de mando, alardeiam tudo haverem feito, visando construir, empregar, oferecer saúde e educação, quando, na verdade, simplesmente ousaram realizar o feito de qualquer outro. Com o passar dos tempos, estes serão esquecidos, pois os beneficiários, são, em sua grande maioria, eleitores, conscientes de já haverem quitado seu débito com o voto. O ato gentil, ao contrário, é perpétuo e inesquecível. Com o passar do tempo ele somente cresce sem gerar reclamos ou percepção, pois, além de agradar o semelhante, purifica, embeleza e traz a felicidade a quem o praticou. Restou-me a convicção: ser gentil não é bajular, dar mais valor a terceiros do que a si mesmo ou seus entes queridos, mas, sim, olhar o mundo sempre com simpatia, inspirando outros a imitá-lo.

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