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12 de setembro de 2017

OS BRASIS DOS DESNÍVEIS ESTRAMBÓTICOS

O Brasil está a um passo do precipício com
os políticos e governantes o apequenando!
Parece clichê surrado de uma pessoa inconformada com nossa dramática e inexplicável realidade, mas há coisas que não consigo compreender no Brasil. Ou melhor, coisas que me esforço para compreender. O STF, por exemplo, negou a liberdade a uma prisioneira que roubou xampu e chicletes. Mas solta corruptos contumazes. Sou leigo e fiquei sabendo que a mulher foi mantida na prisão porque era reincidente. Provavelmente roubou um tubo de creme dental no passado e, como essas pessoas são insaciáveis, deve ter levado também a escova de dentes. Suspeito que existam diferentes estados de direito no Brasil. A mais generosa versão desse conceito surgiu no país quando começou a ser desmontado o gigantesco esquema de corrupção. Nunca houve problemas até que Lula, Aécio Neves, Geddel Vieira, Eduardo Cunha e outros gatunos, entraram o foco do Juiz Sérgio Moro. Em 2013, o Congresso aprovou o instrumento da delação premiada. Era destinado a desarticular o crime organizado. Ninguém protestou. Ao ressurgir na Lava-Jato, a delação premiada precisou se revalidar no contexto do novo e delicado estado de direito. É desumano o que as famílias dos presos sofrem para visitar os parentes em qualquer presídio no país, às vezes, passando a noite ao relento, à espera de uma senha. A televisão revelou como Sérgio Cabral recebia visitas à vontade, inclusive como chegavam encomendas da rua no setor onde está preso. Sua mulher, Adriana Ancelmo, foi solta para cuidar dos filhos, e a polícia encontrou nas casas da irmã e da governanta, joias escondidas por ela. A Lava-Jato lançou a ideia de que a lei vale igualmente para todos. É uma ideia tão antiga que pronunciá-la parece apenas repetir um lugar comum. Não vencemos a realidade de um código penal para brancos e outro para negros. E a realidade mostra como existe ainda um grande caminho a trilhar. A lei não é igual para todos. Ela afirma que os portadores de diploma universitário têm direito à prisão especial. E cria uma dessas situações que talvez só possa se resolver numa peça de ficção. Nas cadeias do Rio, em condições tão distintas, os cariocas que Sérgio Cabral arruinou e o novo rico que a corrupção alimentou. Na realidade concreta do cotidiano, é um conflito insolúvel. A lei vale para todos, contudo, entretanto, você sabe como é, estamos no Brasil, um país que, definitivamente, não tolera roubo de chicletes. Como dizem os defensores do estado de direito, vivemos o perigo de um estado policial. Hoje o chiclete, amanhã um quilo de açúcar, daqui a pouco os homens podem nos levar pelo simples desvio de 51 milhões de reais.

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