O problema está em não crermos que tudo só depende de nós
A fé verdadeira, a fé que salva o pecador, vem sempre acompanhada do
desespero. O primeiro degrau do desespero é porque não há nada de visível, de
concreto, de palpável em que agarrar-se. Crer é confiar, e esperar tateando no
escuro. A única luz é a que nos fornece a Palavra de Deus. Descremos, porque gostaríamos
de saber mais, conhecer mais, e não temos consciência de que o nosso
conhecimento é imperfeito, e limitado. Nem tudo sabemos e nem saberemos. Isto
causa o desespero e uma tremenda ansiedade. Desespero porque não podemos exibir
essa fé como um projeto nosso, um trunfo no qual nos agarrar, cheio de orgulho
e vaidade. Ela é dom do Espírito Santo, por meio da Palavra Santa de Deus. Nem
podemos exibi-la como uma coisa maravilhosa, vitoriosa, poderosa, porque isso
seria atribuir a nós mesmos, o que pertence exclusivamente a Deus. Desespero
porque confrontados com os perigos, os males e tentações da vida, descobrimos o
quanto somos frágeis e impotentes diante das adversidades. Desespero porque, para
existir e se manter, a fé nos obriga a ouvir, conhecer, obedecer e nos curvar
ante a Palavra de Deus, levando cativo todo pensamento, submetendo-nos a
Cristo, negando a nós mesmos e tomando a cruz. Desespero porque a fé sempre
revela e aponta nossos pecados, nossas culpas e nossas perdições. Desespero porque
o pecado, que está em nós, primeiro procura mascarar a vontade de Deus, e,
depois, de ter nos enganado, seduzido e levado a pecar, aproveitando-se do
mandamento de Deus que está em nossos corações, nos acusa e nos condena. Desespero
porque quando ficamos conhecendo o mandamento de Deus, passamos a conhecer o
pecado em nós, e, para ser de Cristo é preciso fazer morrer dentro de nós por
arrependimento e penitência diária a nossa velha natureza pecaminosa.
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