A cena de presos em celas superlotadas é comum no Brasil |
O Plenário do Senado está tendo sessão deliberativa
hoje, terça-feira/21 e pode apreciar um projeto de lei que traz uma solução
para atenuar o problema da superlotação dos presídios brasileiros. Elaborado
por uma comissão especial de juristas, o projeto de lei altera a Lei de
Execução Penal para realizar mutirões em presídios com lotação máxima e, em
último caso, antecipar a liberação de presos. O texto estipula que sempre que
um estabelecimento penal atingir a capacidade máxima, deve promover mutirão
para verificar a situação dos presos ali recolhidos. Se, mesmo após isso, a
lotação não for normalizada, deverá ser antecipada a liberdade dos detentos
mais próximos do fim do cumprimento da pena. Outras modificações propostas são
a progressão automática de regime para presos com bom comportamento que tiverem
cumprido ao menos 1/6 da pena no regime anterior, a vedação à permanência de
presos provisórios em penitenciárias e o prazo de quatro anos para a extinção
das carceragens em delegacias de polícia. O projeto entrou em regime de
urgência no início de março e é uma resposta do Senado à crise do sistema
penitenciário brasileiro. No início do ano, mais de 130 presos foram mortos em
rebeliões e chacinas em presídios de diversos estados. De acordo com o senso
comum, seria necessário construir mais penitenciárias, porém a crise do sistema
carcerário não pode se resumir à questão da falta de vagas. Especialistas
defendem justamente o contrário, ou seja, manter encarcerados apenas os
condenados que representem concreto risco de violência para a sociedade. Nos
outros casos, os apenados poderiam cumprir prisão domiciliar com monitoramento
eletrônico ou, simplesmente, outras penas alternativas. Com presídios menos
abarrotados, seria possível um maior controle dos presos, isolamento de líderes
e facção para evitar motins e fugas. Os problemas do sistema penitenciário
começam, portanto, pelas contradições que permeiam a ultrapassada pena
privativa de liberdade. Entretanto, enquanto persistirem as causas geradoras da
criminalidade violenta, enquanto não se reformular o sistema penal brasileiro,
nenhum governo conseguirá equilibrar o sistema penitenciário, e a sociedade
continuará a testemunhar situações de extrema violência e barbárie nas nossas
prisões.
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