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2 de fevereiro de 2017

SÓ O CARNAVAL EXPLICA A MUVUCA QUE É ESTE PAÍS

A questão não esta somente em não
concordar com os atos e sim em
ser conivente com tais, os fatos.
No mesmo dia em que Sergio Cabral é mais uma vez denunciado por receber propinas de Eike Batista, o governador Pezão vai a Brasília para implorar ajuda porque o Rio está quebrado, “não tem mais recursos para nada”. Por que não pede a devolução da arca de dólares, barras de ouro e diamantes que seu padrinho político roubou? De uns tempos para cá, habituamo-nos a conviver com as maiores barbaridades, como se tudo fosse muito natural, assim como tomar um copo d´água ou puxar a descarga no banheiro. Nada mais é capaz de chocar a distinta platéia nativa nesta ópera-bufa encenada em Brasília, que parece tomada por um exército de ocupação ávido e faminto. Ministros do Supremo Tribunal Federal, juízes, procuradores, partidos políticos, associações corporativas em geral e até excelências denunciadas na Lava Jato anunciam listas com seus favoritos para a vaga deixada por Teori Zawascki, como se fosse um concurso de miss. Quando o anormal vira uma coisa natural, algo está errado. Isto não é normal. Citado 43 vezes por um único delator da Odebrecht, o presidente Michel Temer dá uma carona para o ministro Gilmar Mendes no avião da FAB até Lisboa e, na mesma semana, o recebe para um jantar de domingo na residência oficial. Quando se sabe que Mendes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, em breve poderá ser chamado a julgar Temer, a explicação de que são amigos há mais de 30 anos parece uma coisa natural, mas não é normal numa democracia minimamente civilizada. Dá-se de barato que Rodrigo Maia, o “Botafogo” da lista da Odebrecht, continue na presidência da Câmara por mais dois anos, embora a Constituição impeça a reeleição na mesma legislatura. Se a direção do PT admite apoiar o candidato do governo que chama de golpista, algo realmente está errado. Não é normal. “Se a corrupção no país virou moda, eu vou embora antes que honestidade vire crime” (Nicanor Bessa da Silva, cantor de rap e pensador popular). Mas já é fevereiro... tem carnaval!

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