Se a história passada fosse tudo o que importa no jogo, as pessoas mais ricas seriam os bibliotecárias |
Ouvi de um tal de Raulzito, a história de um velhinho, que o havia garantido ter nascido dez mil anos atrás E que não havia nada nesse mundo, que ele não soubesse demais. Ele disse que viu Jesus Cristo ser crucificado o amor nascer e ser assassinado e as bruxas pegando fogo, para pagarem seus pecados Ele também disse que viu Moisés cruzar o Mar Vermelho; que viu Maomé cair na terra de joelhos e viu Pedro negar Cristo por três vezes diante do espelho o velhinho disse que viu as vel as se acenderem para o Papa; que viu Babilônia ser riscada no mapa e que viu o Conde Drácula, sugando sangue novo e se escondendo atrás da capa. Disse que viu a arca de Noé cruzar os mares; Salomão cantar seus salmos pelos ares e que viu Zumbi fugir com os negros prá floresta, pro Quilombo dos Palmares. Também disse que viu o sangue q ue corria da montanha, quando Hitler chamou toda Alemanha. Que viu o soldado que sonhava com a amada, numa cama de campanha. Ele também disse que leu os símbolos sagrados de umbanda; que foi criança pra poder dançar ciranda e quando todos praguejavam contra o frio, ele fez a cama na varanda. Que estava junto com os macacos na caverna; que bebeu vinho com as mulheres na taberna e quando a pedra despencou da ribanceira, ele também quebrou a perna. Disse que foi testemunha do amor de Rapunzel e que viu a estrela de Davi brilhar no céu e para aquele que provar que ele estava mentindo, tiraria o seu chapéu. E garantiu que não tem nada nesse mundo, que ele não saiba demais. Não posso contestar a sabedoria do velhinho amigo do Raulzito. Mas hoje o que sei, é que não há nada depois de morto, que Raul não saiba demais.
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