Presídios
brasileiros são “escolas de crime”
|
A carnificina ocorrida no sistema
prisional de Manaus e ontem em Boa Vista/RR, repercute não só no Brasil. Até o
papa Francisco manifestou preocupação com o caso. O presidente Michel Temer
convocou reunião no Palácio do Planalto com o objetivo de definir o Plano
Nacional de Segurança. O plano é visto como uma das respostas do governo
federal aos massacres. Internamente, o governo teme um efeito dominó em vários
outros presídios e o massacre de Boa Vista, com 33 assassinatos, é um alerta
gravíssimo que sinaliza para esta perspectiva. A situação é grave por causa da
disputa pelo comando do tráfico de drogas entre facções criminosas que atuam
dentro dos presídios. O que aconteceu em Manaus e em Boa Vista, não são
incidentes isolados no Brasil e refletem a situação crônica dos centros de
detenção no País. De fato, os presídios brasileiros são bombas-relógio. Volta e
meia, uma explode. Na maioria dos casos, nossas penitenciárias são amontoados
de seres humanos em espaços superlotados. A superlotação das cadeias é
observada em todos os estados, inclusive em Itabuna, onde o presídio construído
para abrigar 480 presos, já está com sua lotação triplicada. O sistema
prisional caótico tornou-se o ambiente perfeito para determinadas facções
criminosas. Grupos pequenos surgem a partir do convívio dentro dos próprios
presídios. Para a maioria da população, a saída seria a construção de mais
penitenciárias, mas o problema é mais complexo. Até porque, de imediato, seriam
necessárias mais 400 unidades para zerar o deficit de vagas. Isso sem contar
com os milhares de mandados de prisão pendentes. Para especialistas, contudo, o
caminho seria o inverso, ou seja, esvaziar os presídios. Segundo essa visão, a
privação de liberdade em regime fechado deveria ser reservada exclusivamente
para condenados que representem concreto risco de violência para a sociedade.
Nos outros casos, os condenados poderiam cumprir prisão domiciliar com
monitoramento eletrônico ou, simplesmente, outras penas alternativas. Polêmica
à parte, não há como negar que, como existem hoje, nossas penitenciárias não
são centros de recuperação. Ao contrário, funcionam como escolas do crime
organizado, que transformam pessoas não violentas em soldados das facções
criminosas. Portanto, é necessário uma completa mudança de paradigma.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente no blog do Val Cabral.