Aleppo na Síria arde sob escombros e inércia dos EUA e Rússia |
Nos últimos dias, emissoras de TV do
mundo inteiro exibiram imagens chocantes da devastação da cidade de Aleppo –
que já foi o maior centro urbano da Síria – e reacenderam a atenção
internacional para uma guerra civil que já está entrando em seu quinto ano. Às
vésperas do Natal, são milhares de pessoas feridas, sem comida nem atendimento
médico e o pior: sem esperança. O conflito na Síria chegou à cidade em 2012, e
desde então Aleppo tem sido palco de grandes batalhas entre rebeldes e soldados
leais ao ditador Bashar al-Assad Assad. Mas desde novembro, as forças
governistas iniciaram uma ofensiva que empurrou os rebeldes para uma pequena
área. A ONU considera que a guerra civil na Síria é a maior crise humanitária
do século XXI. O contestado presidente Bashar al-Assad, enfrenta há seis anos
uma rebelião armada que tenta derrubá-lo do poder. No início, a rebelião tinha
um caráter pacífico e era uma luta por mais democracia e liberdades
individuais, inspirados pelas revoluções da chamada "Primavera Árabe"
iniciadas no Egito e na Tunísia. Aos poucos, com a repressão violenta das
forças de segurança, os protestos se espalharam e se transformaram numa revolta
armada, apoiada por militares desertores e por grupos extremistas. Hoje,
estima-se que o conflito vitimou ao menos 250 mil pessoas, que mais de 4,5 milhões
tenham saído do país como refugiadas e que outros 6,5 milhões foram obrigadas a
se deslocar dentro da Síria. Quase 70% dos sírios que permaneceram agora vivem
abaixo da linha de pobreza. Assad tem resistido graças ao apoio do Irã e,
sobretudo, da Rússia. Já o ocidente, à frente os Estados Unidos, pouco tem
feito para pôr fim ao conflito. A Rússia apoia a permanência de Assad no poder,
o que é crucial para defender os interesses de Moscou no país. Já os Estados
Unidos culpam Assad pela maior parte das atrocidades cometidas no conflito e
exigem que ele deixe o poder como pré-condição para a paz. Entretanto, o
presidente Barack Obama sempre quis evitar na Síria o erro fatal cometido no
Iraque por seu antecessor, George W. Bush. Com a retomada de Aleppo, é possível
que o conflito se abrande, mas dificilmente a guerra acabe. Deverá ficar apenas
adiada e congelada até ao início da próxima batalha.
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