Se fofoca fosse profissão, não existiria desemprego em Itabuna |
Mussolini, no auge do fascismo, ensinava que uma mentira mil vezes repetida adquire feições de veracidade, e pode induzir a erro uma nação inteira, tal como fez Hitler com a Alemanha. Temos visto isso com muita frequência no Brasil, e especialmente em nossa sofrida Bahia, num crescendo deveras preocupante. De repente, um ensandecido qualquer se põe a lançar toda sorte de acusações contra o indivíduo e uma vida construída ao longo de anos de dedicação e de trabalho corre o risco de ruir como um castelo de areia, arrastando consigo famílias inteiras. Acusa-se pelo mórbido prazer de fazer o mal, pela intenção mesquinha de perseguir, de prejudicar, de destruir. Diz-se o que bem quer, por mais absurdo que seja, no mais das vezes sem prova alguma, ou se lança mão de sofismas e de falsas premissas para chegar às conclusões mais estapafúrdias. E o pior é que esses arautos da infâmia ainda conseguem encontrar quem lhes dê ouvidos, ainda arranjam espaço para propagar as suas inverdades com um tom professoral e dissimulado, como se estivessem a proclamar dogmas de fé. Arrotam arrogância e autossuficiência e não olham para a própria cauda que, mal escondida, lhes denuncia o ultraje e a infamia. Vivemos uma onda absurda de denuncismo, em todas as esferas da sociedade. Qualquer mequetrefe pode proferir contra qualquer pessoa o pior dos impropérios, acusá-la da prática dos mais horrendos crimes, muitas vezes sob o amparo das redes sociais, que são território de ninguém, e logo se instala perante a opinião pública um tribunal de exceção que julga, condena e aplica a pena sem dar chance alguma de defesa a quem está sendo acusado. Vai-se logo pela primeira versão, qual se fosse um oráculo dos deuses, e parece que o senso crítico e a prudência de quem ouve cai por terra inapelavelmente. Pouco importa que o acusador não tenha condições morais de criticar quem quer que seja, de nada vale que a sua trajetória não seja nenhum exemplo de pureza imaculada: se é para falar mal de alguém, que se divulguem as acusações do denunciante, que se dê a maior publicidade possível aos seus devaneios. Quando a verdade finalmente vem à tona – e nem sempre ela consegue vir – o mal já foi causado, no mais das vezes de forma irreversível. Mas ninguém parece se importar com isso, o que é ruim, muito ruim para todos nós.
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