Houve uma época em que podíamos nos banhar e pescar no Rio Cachoeira, que atualmente está em condição de esgoto a céu aberto |
É óbvio que água não surge na torneira e que carne de galinha não nasce no mercado. Acredito que boa parte dos alunos de ensino fundamental, ou até mesmo do básico, saibam disso. Mas será que seu filho já viu seu próprio reflexo na límpida água de uma nascente? Ou esbarrou no ovo de outra ave que não seja galinha, ao caminhar por trilhas na floresta? Sou da geração que responderia veementemente que sim. Eu, meus primos e amigos tivemos a grata oportunidade de aproveitar os fins de semana e as férias nas chácaras e nos quintais das casas dos avôs e dos tios. Brincávamos e nos banhávamos quase que diariamente nas límpidas águas do rio Cachoeira. Desde a infância dos meus pais até a do meu neto Yan Cabral, o mundo se modernizou. As tecnologias de transporte e informação revolucionaram a forma como nos interligamos e comunicamos. Tudo isso foi extremamente positivo, sem dúvidas. Porém, a sociedade urbanizada acabou se desconectando da natureza, e não precisava ser assim. Hoje, muitos de nós, pais urbanos, trabalhamos em tempo integral; e nossos jovens passam a maior parte do dia envolvidos com atividades escolares. Sobra pouco tempo para desfrutar momentos de relaxamento e diversão em família, muito menos se for para sair de casa e ir a uma roça distante da cidade. Por experiência própria, afirmo que vale a pena nadar contra a corrente para partilhar um momento único de prazer em meio à natureza. É gostoso respirar o ar puro, ouvir o canto dos pássaros e mergulhar numa piscina sem cloro. Estes prazeres são como contra-ponto do modelo de sociedade atual que interfere no equilíbrio entre animais, plantas e ecossistemas; e a água que chega à nossa casa tem muito mais qualidade à medida que a vegetação nativa ao longo dos rios estiver mais bem protegida. Há que se contribuir para formar uma melhor consciência em relação à conservação da natureza e a importância dela para a vida humana. A sociedade contemporânea está se distanciando da natureza e há a necessidade de mudarmos essa rota. O lado bom é que ainda existem parques, seja na cidade ou no interior, que preservam a vida natural e nos possibilitam fazer essa reconexão.
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