WHATSAPP SE TORNOU UM PÉSSIMO VÍCIO DOS JOVENS |
Estou no restaurante Los Pampas. Na mesa próxima, um casal com cada um
em seu celular. Durante a refeição não trocam uma palavra. Só teclam. Saem
juntos, andando e teclando. Em outra ocasião, em Ilhéus, um amigo convidou um
grupo para jantar. Um dos convidados sacou o celular. Ficou conversando com a
família em Itabuna. E nem se interessou em conhecer o grupo de pessoas na mesa!
Tornou-se impossível falar com alguém sem que a pessoa atenda a algumas
ligações, e fale pelo WhatsApp durante boa parte do papo, dividida entre nossa
conversa e alguém que não sei. Ri, enquanto falo de um assunto sério. Mas está
rindo do que escreveram do outro lado. É muito estranho. Reconheço: o WhatsApp
tem vantagem. Tenho uns dez grupos familiares e de amigos. Estamos sempre
atualizados sobre nossas vidas. Sem dúvida a internet une as pessoas. Mas
também separa. Porque há quem não consiga parar de teclar. Conheço umas duas
pessoas que teclam até durante as refeições. É só uma demonstração de como o
WhatsApp pode prejudicar a vida de alguém. Em reportagens, e também em
conversas com um fisioterapeuta, soube que as pessoas estão tendo problemas no
pescoço, de tanto ficar com a cabeça curvada no celular. Pode ser uma festa, a
pessoa consegue se isolar. Às vezes, enquanto espero alguém, converso pelo WhatsApp.
Quando a pessoa chega, explico que preciso parar. É como se estivesse
expulsando alguém da minha casa. Vem uma reação ofendida. Quem está no
WhatsApp comigo acha que tem prioridade. E também quem faz ligações. Vejo cada
vez mais gente que não consegue parar de falar no WhatsApp, e nele resolve toda
a vida amorosa, pessoal e, creio, até financeira. Há relações íntimas entre
gente que nunca se viu. O comportamento do usuário de WhatsApp é idêntico ao de
um viciado: verifica se há mensagens a cada instante, responde, volta a falar,
verifica de novo, responde, verifica. Em vez de um vício químico, surgiu o
eletrônico. Óbvio. Palpável. Mas do qual as pessoas não têm consciência e
perdem até o contato direto, visual, com quem está em frente a elas.
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