Toda semana, a veja faz Dilma perder o mês e o juízo |
O assassinato do
prefeito Celso Daniel, de Santo André, ocorrido em janeiro de 2002, nunca
deixou de assombrar o PT, fosse na forma de chantagens eleitorais ou de
investigações policiais que, até hoje, não esclareceram a morte do prefeito. Assim,
a dúvida sobre o envolvimento de petistas no caso paira no ar como uma nuvem de
enxofre capaz de contaminar ainda mais o pântano em que se meteu o partido. Na
sexta-feira (1), a mais recente fase da Lava-Jato voltou a agitar o fantasma de
Celso Daniel. É o que traz a Veja e sua matéria de capa. A operação foi chamada
de Carbono 14, numa referência ao elemento usado pela ciência para desenterrar
o passado. Mas o que um homicídio de catorze anos atrás tem a ver com a
roubalheira na Petrobras? As conexões são um pouco intrincadas, mas,
seguindo-se o calendário das investigações, tudo fica mais claro. José Dirceu
conversava animadamente em um restaurante de Brasília, no ápice da campanha
presidencial, em 2002, quando foi interrompido por um homem bem vestido, de
terno. Carregando uma valise, ele chegou apressado e fez sinal com as mãos de
que precisava falar reservadamente. O então coordenador da campanha de Lula se
levantou e apresentou o interlocutor: "Este aqui é o Delúbio, nosso
tesoureiro". Os dois seguiram para um canto vazio e cochicharam por alguns
minutos. Delúbio Soares passou rapidamente pela mesa, acenou e foi embora.
Dirceu voltou ao seu lugar. Parecia transtornado. "Os tucanos estão
preparando uma armadilha para nos destruir." "Que armadilha?",
alguém perguntou. "Fizeram um dossiê para nos envolver no assassinato do
Celso Daniel. Dizem que tem gravações telefônicas, depoimentos, gente do
PT...". Antes de se despedir, Dirceu dimensionou o que estaria por vir:
"Isso é muito grave. Precisamos reagir rápido, abortar o plano de qualquer
maneira". Na conversa, que VEJA testemunhou, petistas e simpatizantes que
estavam à mesa combinaram uma estratégia de defesa. Era preciso que se
antecipassem, denunciando a farsa antes que viesse a público. Era preciso
esclarecer que o caso constituía uma tentativa de golpe sujo e desesperado do
governo tucano para atrapalhar a eleição de Lula. O assassinato do prefeito
Celso Daniel, de Santo André, ocorrido em janeiro de 2002, nunca deixou de
assombrar o PT, fosse na forma de chantagens eleitorais ou de investigações
policiais que, até hoje, não esclareceram a morte do prefeito. Assim, a dúvida
sobre o envolvimento de petistas no caso paira no ar como uma nuvem de enxofre
capaz de contaminar ainda mais o pântano em que se meteu o partido. Na semana
passada, a mais recente fase da Lava-Jato voltou a agitar o fantasma de Celso
Daniel. A operação foi chamada de Carbono 14, numa referência ao elemento usado
pela ciência para desenterrar o passado. Mas o que um homicídio de catorze anos
atrás tem a ver com a roubalheira na Petrobras? As conexões são um pouco
intrincadas, mas, seguindo-se o calendário das investigações, tudo fica mais
claro. O começo se dá em 2012. VEJA revelou que Marcos Valério ainda guardava
consigo segredos devastadores. Em depoimento à Procuradoria-Geral da República,
o famoso operador do mensalão resolveu detalhar alguns deles. Um, em especial,
parecia mirabolante. Valério disse que um obscuro empresário de Santo André,
Ronan Maria Pinto, acionou o então secretário do PT, Silvio Pereira, para
chantagear o ex-presidente Lula. A chantagem: ou o PT lhe dava 6 milhões de
reais ou ele revelaria o envolvimento de Lula, José Dirceu e Gilberto Carvalho
no assassinato de Celso Daniel. Disse mais: os 6 milhões de reais foram
negociados pelo pecuarista José Carlos Bumlai, que tomou o dinheiro do cesto de
picaretagens petistas na Petrobras. Diante dessa história, os investigadores
arregalaram os olhos - era forte, mas também poderia ser resultado de
imaginação positivamente fértil. Em 2014, dois anos depois, durante as
investigações da Lava-Jato, a polícia encontrou num escritório de contabilidade
um contrato confidencial. Pelo documento, Marcos Valério emprestava 6 milhões
de reais ao empresário chantagista Ronan Maria Pinto. O valor e o nome dos
personagens acenderam uma luz vermelha. A polícia então interrogou a dona do
escritório de contabilidade, Meire Poza. Ela contou que o contrato pertencia a
um notório lavador de dinheiro chamado Enivaldo Quadrado. E Enivaldo Quadrado
dizia que guardava uma via do tal contrato para resguardar-se. Era seu
"seguro de vida contra o PT", uma "arma que derrubaria o
Lula". E, claro, um instrumento para arrancar uma graninha do PT. E
explicava que os tais 6 milhões do empréstimo serviriam para pagar a chantagem
que Ronan Maria Pinto vinha fazendo contra o PT. O quebra-cabeça começava a
tomar uma forma mais clara.
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