Somente depois do carnaval, é que, verdadeiramente, começa o ano |
O ano político no Brasil deveria começar na Quarta-Feira de Cinzas, dia 10 de fevereiro, mas ficou para a semana que vem. Eduardo Cunha, o presidente da Câmara, deu folga aos colegas, oficialmente, na quarta e na quinta. Como eles não trabalham nesta sexta, vamos ter que esperar mais um pouco para ver o que nos espera. O primeiro grande embate entre governo e oposição, quer dizer, entre Dilma e Cunha, está previsto para o dia 17, quando o PMDB deverá eleger seu novo líder. A disputa segue equilibrada entre o governista Leonardo Picciani e Hugo Motta, do PMDB dissidente, apoiado pelo presidente da Câmara. É do resultado deste confronto que dependerá em boa parte o futuro da combalida base aliada na luta do governo contra o impeachment e pela aprovação das propostas de ajuste fiscal. No mesmo dia, o ex-presidente Lula, cada vez mais acossado por investigações das operações Lava Jato e Zelotes, prestará depoimento no Ministério Público Estadual de São Paulo sobre o agora famoso triplex do Guarujá. E na próxima quinta-feira, dia 18, começa o troca-troca partidário, com a promulgação pelo Congresso de emenda à Constituição que dá prazo de 30 dias para qualquer parlamentar mudar de legenda. Ao mesmo tempo, a guerra política continua seguindo nos tribunais superiores. O STF deverá analisar o recurso da Câmara contra o rito estabelecido para o impeachment e o TSE prepara-se para julgar o pedido da cassação de Dilma e Temer feito pelo PSDB, por abuso de poder econômico, na última campanha eleitoral. Eduardo Cunha e o presidente do Senado, Renan Calheiros, também estão sub-júdice, além de cerca de 50 outros parlamentares que poderão ser denunciados nas próximas semanas. Enquanto tenta postergar a abertura de processo contra ele na Comissão de Ética da Câmara, Eduardo Cunha promete acelerar a batalha pelo impeachment da presidente no plenário da Câmara. É neste clima conflagrado, com várias disputas paralelas, que o País enfrenta a mais grave crise econômica da sua história, batendo sucessivos recordes negativos de desemprego, inflação e recessão, tudo junto. Sem lideranças fortes na sociedade e com os partidos políticos desmoralizados, antes mesmo do novo troca-troca, fica impossível localizar no horizonte desta agenda do ano político de 2016 qualquer sinal de mudanças de rumo. Como ouvi outro dia, tem duas coisas indefensáveis hoje em dia: o governo e os que tentam derrubar o governo. E como ficamos nós?
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