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27 de dezembro de 2015

COMO SERÁ ITABUNA, QUANDO A SECA ACABAR?

Ricardo Campos com estiagem como abacaxi para descascar
A dobradinha escassez de chuvas e racionamento de água vivida em Itabuna – são quase dois meses sem uma gota sequer – assustou os itabunenses. Até então, esta crise, que muitos entendiam ser exclusividade dos nordestinos, principalmente dos cearenses, pernambucanos e paraibanos; e mais recentemente, dos paulistanos, não parecia ser uma realidade nossa. Mas ela chegou e, o que é pior, se instalou. E mesmo que haja períodos de chuvas com a intensidade de antes (o que inevitavelmente irá acontecer, já que a natureza é cíclica), o passivo gerado fará com que a nossa realidade, com relação ao acesso à água tratada, seja cada vez mais preocupante. E será que nós, itabunenses, estamos entendendo bem o que significa viver dentro deste novo cenário? Mobilizados, não resta dúvida que estamos. É impressionante a capacidade de mobilização que as pessoas demonstram em momentos de crise! A imprensa também está desempenhando muito bem o seu papel. Diariamente o tema é manchete na mídia e presença certa em todos os bate-papos. O tom é quase sempre o mesmo. Nas falas sobram cobranças ao poder público e orientações sobre como economizar água nas atividades domésticas e empresarial. Mas, daí a incorporar os novos hábitos, em definitivo, em nossa rotina e na agenda de prioridades das autoridades, é outra coisa. A discussão tem que ser muito mais profunda, abrangendo não apenas ações de curto prazo para superarmos este momento de crise mas, e muito mais importante, devemos aproveitar o momento para planejar o futuro da nossa relação com o uso da água, para que o mesmo seja mais responsável e eficaz em toda a cadeia de abastecimento. A equação é simples: A oferta de água tratada deve ser, no mínimo, igual à demanda dos consumidores (são eles residências, industrias, comércio e agricultura). Se neste momento de escassez hídrica a Emasa não consegue manter o seu volume de oferta para atender à demanda, existem duas soluções objetivas (não excludentes entre si): a primeira, mais dispendiosa, é realizar investimentos de obras estruturais para aumentar a oferta. A segunda, menos dispendiosa e mais imediatista, é intervir no lado da demanda, via redução do consumo e implantação de sistemas de redução de perdas! Parece obvio, mas infelizmente não é. De acordo com informações da própria Emasa, uma grande e preocupante perda deste valioso recurso acontece antes mesmo dele chegar às torneiras dos consumidores. O desperdício médio é de mais de 40% de toda a água tratada! Imagine uma padaria, que de cada 100 pãezinhos que são produzidos, 40 tem que ser jogados fora por imperícia do padeiro! As causas são diversas: vão de fraudes (os populares ‘gatos’) à falhas no sistema de distribuição e transporte, como vazamentos em tubulações e reservatórios ou fruto de ligações feitas da forma inadequada. Como a maioria da tubulação é subterrânea, muitos dos vazamentos não são facilmente identificados, havendo um sangramento permanente. O consumo residencial é outro que tem cota elevada de desperdício. Usar água tratada para dar descarga e lavar quintais e calçadas são alguns dos absurdos cometidos. Entre esses grupos, a indústria e o comércio, normalmente, tem menor participação no desperdício da água. Focadas em gestão de resultado, elas buscam maior eficiência econômica e consequente redução no seu uso, minimizando perdas, sempre e quando estão sujeitos ao justo pagamento pelo uso da água. Por conta de tudo isso, fica a dúvida: será que bastam a mobilização e os apelos para que mudemos nossa conduta em relação ao consumo da água em momentos de estiagem? Ou será que após as primeiras chuvas, seguidas pela elevação no nível dos rios, tudo volta a ser como antes, esperando para lamentar os caprichos de “São Pedro”, quando voltarem a ocorrer momentos de excesso ou de falta de chuva? Com esta lição aprendemos, no mínimo, que o uso racional e consciente da água será essencial, mas sabemos também que transformar pessoas e agendas políticas não é tarefa fácil. Vivemos na cultura do “fazejamento” em detrimento do planejamento! Gerenciar crise com ações imediatas, é importante, pode salvar vidas. Planejar ações no tempo é inteligente, imprescindível. Pode salvar as nossas futuras gerações!

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