O presídio construído para 480 presos, hoje conta com mais de 1.500 |
Itabuna é hoje um dos municípios com a maior população carcerária do norte e
nordeste do Brasil.. São mais de 1550 encarcerados em seu presídio e este
número é quase o dobro do que possui Ilhéus. Muitas cidades diminuíram seus
contingentes prisionais nos últimos anos, enquanto, por aqui, houve acréscimo,
com encarcerados que já atingem mais do triplo da lotação limite. O pior é que
é esse aumento não resultou na diminuição da violência em Itabuna. Ao
contrário. A criminalidade só cresce e assusta a população itabunense. Isso
ocorreu porque esse crescimento do número de presos a partir dos anos 90 se deu
acompanhado da redução drástica das políticas públicas sociais voltadas para a
juventude e os pobres em geral. Nos
últimos 12 anos Itabuna ficou órfã de ações governamentais de assistência social
e ações de fomento à educação, capacitação profissional, artística, social e
geração de emprego e renda. Os dois governos der Jaques Wagner risco Itabuna do
mapa de investimento oficial. E o atual governador, Rui Costa, ainda não deu
sinais de que mudará este drama. Na prática, o presídio de Itabuna mais
parece depósito de gente vivendo em condições subumanas. Além disso, a
clientela preferencial desse sistema prisional é o jovem, principalmente o negro,
morador da periferia da cidade. Com isso, fortalece-se cada vez mais um sistema
penal seletivo – pois criminaliza principalmente os pobres, negros e excluídos
– e punitivista, que não permite a recuperação do apenado. Outro detalhe que
chama a atenção é fato de os crimes que mais motivam prisões em Itabuna estarem
relacionados a questões patrimoniais e drogas, que, somados, atingem cerca de
70% das causas de prisões. Crimes contra a vida motivam apenas 10% das prisões.
Isso indica que o policiamento e a justiça criminal não têm foco nos crimes
mais graves, mas atuam principalmente nos conflitos contra o patrimônio e nos
delitos de drogas. O fato é que Itabuna é um retrato do quanto o Brasil
banalizou por completo o uso dessa ferramenta que é a prisão e enfrenta, hoje,
um superencarceramento sem precedentes, enquanto outros países vêm lutando para
reduzir esse índice. É preciso agora pensar em mecanismos que possam trazer o
maior número possível de detentos de volta ao convívio social. Se não houver
mudança, Itabuna e demais cidades brasileiras continuarão desperdiçando
oportunidades de socialização e “amontoando pessoas”, um estímulo à articulação
do crime organizado. E a situação pode ficar pior caso o projeto de emenda
constitucional que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos seja aprovado. O
jovem infrator perderá de vez a chance de recuperação, pois ficará em Itabuna,
sob o domínio de organizações dos raios A, B e o acabará empurrado para o raio
que o parta.
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