Prefeitura Itabuna

Câmara

Câmara

22 de agosto de 2014

O MÉTODO BRASILEIRO INJUSTO E LEGAL PARA CONTROLAR A POBREZA

As notícias cotidianas da superlotação no Presídio de Itabuna revelam o crescente número de prisões, que chegam a 10 por dia na cidade. Se isso indica que as polícias estão exercendo seu papel de guardiões da segurança pública, também sinaliza um fenômeno que não é exclusivo de Itabuna ou mesmo da  Bahia e Brasil: o grande encarceramento. Informações de Secretaria Estadual de Justiça da Bahia, revelam a existência de mais de 1.300 presos em Itabuna, num presídio construído para disponibilização de apenas 480 vagas. Segundo dados do Departamento Penitenciário Nacional, em 2012, a população carcerária brasileira aproximava-se de 550 mil pessoas. Em 2014, o número de homens e mulheres presos já ultrapassa 715 mil. Isso significa um aumento vertiginoso, muito superior ao crescimento da própria população brasileira. No cenário mundial, o Brasil possui a quarta maior população carcerária, perdendo apenas para os Estados Unidos (2,5 milhões), a China (1 milhão) e a Rússia (750 mil). O que se verifica em comum nesse triste ranking é que a prisão, ao invés de ser tomada como medida excepcional, é utilizada como a única saída para a administração das mazelas sociais e, notadamente, da pobreza. É o fenômeno da gestão penal da miséria, que situa o Brasil como um verdadeiro Estado Penal. Por um lado, espera-se da Administração Pública investimentos em políticas de inclusão social que proporcionem maiores oportunidades aos jovens no campo da educação e do trabalho, urbanização adequada para uma vivência social segura, saúde decente e outros aspectos da cidadania que têm impacto direto na redução dos índices de criminalidade. Por outro lado, almeja-se a celeridade do Judiciário – que não pode viver de mutirões e metas –, bem como uma mudança na cultura de aprisionamento preventivo, sobretudo porque a legislação processual penal avançou no sentido de aumentar o rol de medidas cautelares distintas da prisão preventiva, com o propósito de diminuir o absurdo número de presos provisórios nos estabelecimentos prisionais, que compõem cerca de 80% da população carcerária no Brasil. Quando levamos em consideração o perfil dessa população carcerária – pobres em sua maciça maioria – percebemos que o sistema penal é realmente seletivo. O Direito Penal brasileiro não é para todos. Ele é, hoje, a mais fácil e nefasta alternativa para governar a pobreza. 

Um comentário:

  1. Val Cabral23 agosto, 2014

    NÃO MAIS POSTAREMOS OPINIÕES (ANÔNIMAS, OU NÃO) – Estávamos como um dos blogs com maior quantidade de postagens de opiniões dos leitores. Nunca censuramos, ou deixamos de inserir os comentários enviados sobre nossas matérias, artigos e notícias. Inclusive aqueles que nos ofendiam, caluniavam, difamavam, injuriavam... Entretanto, tivemos diversos dissabores com pessoas enfurecidas com comentários caluniosos, que os prejudicavam, constrangiam e cujos autores eram anônimos, ou se identificavam com o subterfúgio de nomes fictícios e irreais. Diante destes fatos e das sérias consequências decorrentes destas atitudes insanas e inaceitáveis, decidimos suspender a postagem de todos comentários e esperamos contar com a tolerância e compreensão de todos, pois não temos como identificar quem são os leitores que só querem bagunçar, ou nos criar situações embaraçosas. Pesquisaremos um sistema que possamos integrar aqui, para identificar, verdadeiramente, os autores dos comentários nos enviados e assim fazer cada qual responder por eventuais ilícitos. Eventualmente, postamos as matérias em nossa página de facebook e lá é impossível a postagem de comentários anônimos e de autoria inverídica. Portanto, sugerimos este espaço para os leitores educados, bem intencionados e conscientes das consequências de tudo o que é escrito para o conhecimento público. Agradecidamente, Val Cabral.

    ResponderExcluir

Comente no blog do Val Cabral.

Publicidade: