A influência de personalidades na
intenção de voto não é uma novidade na política. Mas a eleição deste ano coloca
estes cabos eleitorais, tanto no plano estadual como no nacional, numa posição
de protagonismo. Alguns candidatos sabem que para conseguir bom desempenho nas
urnas terão de contar, em grande medida, com a capacidade destas figuras em
transferir votos a seu favor. Na Bahia, o candidato ao governo Rui Costa (PT)
espera se tornar conhecido do grande eleitor e crescer nas pesquisas puxado
pelo governador Jaques Wagner (PT) - seu principal cabo eleitoral no estado e
que espera coroar seus oito anos de mandato elegendo o seu sucessor. A
candidatura de Rui também conta com o reforço de dois outros cabos eleitorais
de peso: o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff, candidata a mais
um mandato no Palácio do Planalto e citada no jingle do petista. O governador
não nega sua influência, mas diz que o que sustenta e dá credibilidade a um
político é o trabalho entregue. "O que vai levantar a candidatura de Rui é
o conhecimento que a população passará a ter dele e do trabalho feito nos oito
anos do meu governo", acredita o petista. Para Wagner, não basta falar, é
preciso ter um lastro do que fez. "Rui é sangue novo na política baiana,
ele é parte desse meu projeto, vai falar o que vai fazer e terá um lastro
daquilo que a gente fez.. E é evidente que a população vai comparar os oito
anos de trabalho do meu grupo político com os oito anos do grupo político
deles". Candidato da oposição, o ex-governador Paulo Souto (DEM) já
governou a Bahia em dois períodos. Conhecido do eleitor, Souto ainda tem o
reforço do prefeito de Salvador ACM Neto (DEM), principal liderança da oposição
na Bahia e uma das estrelas nacionais do Democrata. Se Neto funciona como
puxador de voto para Souto na disputa local, ele, assim como o próprio Souto,
tornam-se cabos eleitorais qualificados para o presidenciável Aécio Neves
(PSDB) no estado. Quarto maior colégio eleitoral do país e onde o PT teve
melhor desempenho nas últimas eleições, a Bahia também é o estado do Nordeste
considerado prioritário para as campanhas do tucano e de Eduardo Campos, o
presidenciável do PSB. ACM Neto diz não ter dúvida de que o resultado do
trabalho que vem desenvolvendo em Salvador tem repercussão na campanha de
Souto, o que acaba influenciando o eleitor do interior. "A capital é
sempre a grande vitrine do estado. Em 2012 eu já dizia que a mudança na Bahia
tinha que começar com a mudança em Salvador. E que a Bahia não iria bem se
Salvador fosse mal", disse ele, sem deixar de registrar o legado de Souto
como governador e senador. Na contramão dos dois principais concorrentes, a
socialista Lídice da Mata conta com a própria trajetória política - vereadora,
prefeita, deputada e senadora - para impulsionar o seu nome ao governo do
estado e do candidato do PSB ao Planalto. "Não me vejo como puxadora de
voto de uma candidatura presidencial, mas a garantia de um palanque construído
com coerência, com tradição popular e conhecimento da Bahia", analisa
Lídice, admitindo que seu patrimônio político abre espaço para Eduardo Campos
crescer na Bahia. Por Patrícia França
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