Segundo
políticos mineiros, uma nuvem jamais se redesenha no mesmo céu. O Caminho das
Almas nunca é o mesmo. Isso é igualmente válido para as palavras. Elas, da
mesma forma que as nuvens e céu, são mutantes. Com o tempo, adquirem novos
significados. É isso o que nós percebemos quando falam sobre reflorestamento,
meio ambiente, mata atlântica, biodiversidade, ecologia, recursos naturais,
fauna, flora e vida na terra. Enquanto as geleiras dos Pólos se mantiverem
intactas, haverá esperança para a humanidade. Relatório recente da ONU trouxe à
tona o problema. Em Bangcoc, no último painel sobre mudanças climáticas, o
Brasil foi até elogiado. Temo que, por isso, venhamos a ser enrolados na
bandeira e resolvamos, ingenuamente, pagar o pato sozinhos. Não devemos
esquecer de quem mais contribui para o efeito estufa: EUA, China e Europa. É
preciso lembrar que a América do Sul detém 41,4% das florestas mundiais, contra
0,1% da Europa, 3,4% da África e 5,5% da Ásia. Por termos preservado, os que
sempre desmataram, volta e meia, querem nos punir, ameaçando o nosso
crescimento. Seria o caso de se questionar ONGs como Greenpeace e WWF
sobre o porquê de elas não terem ainda lançado uma campanha para o
reflorestamento da Europa com o mesmo vigor com que se empenham na Amazônia.
Enquanto buscassem explicações para a imprecisão de sua atuação, teríamos tempo
para encontrar soluções brasileiras no sentido de continuarmos a participar do
esforço para conter o aquecimento global. Como ponto de partida, deveríamos
levar em conta que o Brasil precisa de energia para se desenvolver. Até o IBAMA
sabe disso. Como órgão do governo, ele tem o dever de auxiliar a encontrar
saídas para a questão de gerar energia com impacto ambiental mínimo. Parece
simples, desde que o IBAMA se posicione como parte da solução e não, como às
vezes o faz, parte do problema. Outro ponto a ser considerado, falando-se
especificamente da Amazônia, seria o desenvolvimento sustentável. Neste
caso, deve-se partir do princípio de que não há soluções, se não se colocar, no
centro de tudo, os milhões de brasileiros que têm a natureza como única fonte
de sobrevivência. A criação de vários centros de pesquisa, com a participação
do IBAMA, da EMATER, de outros órgãos e, essencialmente, da sabedoria dos
habitantes da floresta, mostra-se recomendável na busca de soluções locais que
contemplem a proteção ambiental e o desenvolvimento. Finalmente, para as demais
regiões do país, seria necessária uma ação pro-ativa no sentido de se
levar a cabo uma vigorosa campanha de reflorestamento. Nos municípios do Sul da
Bahia, por exemplo, que já foram um extenso horizonte de mata atlântica,
governos e sociedade bem que poderiam incentivar as pessoas a plantar mais
cacau e rejeitar a invasão dos eucaliptos e cafezais. Ainda há muito espaço
para isso. Equacionadas essas questões, quando as ONGs voltassem com a resposta
à nossa pergunta, veríamos que sua ausência teria preenchido uma grande lacuna.
Ontem, como hoje, elas têm muito menos a ensinar do que a aprender conosco. Ou
não têm humildade suficiente para reconhecer essa realidade, ou seus interesses
vão além (ou aquém?) de simplesmente salvar o planeta.
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