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Câmara

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29 de abril de 2014

UMA HISTÓRIA DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA INFANTO-JUVENIL

Aos nove anos de idade, as crianças costumam ter medo de monstros, que permeiam a imaginação infantil, principalmente, depois de uma sessão de filme de terror ou ao apagar das luzes. Mas o monstro que atormentava o jovem W.S.A. era real e vivia sob o mesmo teto que ele. Na voz, o sentimento de revolta do jovem, hoje com 20 anos, devido aos abusos cometidos pelo filho da madrasta, à época um adolescente de 14 anos, é explícito. “Quando se é abusado por alguém que você conhece e está bem próximo, o medo é bem maior, você passa a viver sob um domínio maligno. Ele, para mim, era um monstro e eu tinha medo de contar para alguém porque era ameaçado de morte, inclusive, ele estudava na mesma escola que eu e tinha várias amizades, muitas delas com pessoas erradas, que poderiam fazer algo comigo se ele ordenasse”, relata o garoto. As sessões de terror eram minuciosamente planejadas pelo agressor. “Quando a mãe dele saía para trabalhar, ele pedia para ficar em casa, sozinho comigo, ou seja, fez todo um círculo para poder me trancar. Isso me dava uma grande tristeza, porque eu estava na minha casa, a casa de meu pai, e tinha que passar por tudo aquilo”, lembra. W. revela que, por conta dos abusos, tornou-se uma criança introvertida, não gostava de sair e tinha perdido até o interesse pelos estudos. Hoje em dia, não tem medo e nem vergonha de falar para a família o que aconteceu. No entanto, por medo, não denunciou o agressor, que foi morar em São Paulo e nunca mais voltou. À mãe biológica, que sofre de esquizofrenia, o jovem implorou para que não fizesse denúncia. “Sempre fica uma cicatriz, mas eu quero é esquecer o passado, com o tempo”, testemunha ele, que diz se solidarizar quando vê no noticiário casos de crianças e adolescentes sofrendo abusos ou sendo sendo explorados. 

Um comentário:

  1. Val Cabral29 abril, 2014

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