Já se disse que a Bahia é “um Estado de contrastes”. Pois o é cada dia mais,
a ponto da definição mais adequada à contemporaneidade vir a ser “um Estado de
contradições aberrantes”. E à medida que diminui um pouco o fosso social, se
cristaliza o distanciamento abissal entre os comportamentos editoriais,
interpretações e aplicações da lei. O que vale para um não voga para outro; o
mesmo tema que dá manchete contra um passa a ser nota de rodapé para outro
(quando não vira a favor). E assim vão manipulando e deformando a opinião pública
baiana. E Itabuna está neste contexto de baianidade. Um dos casos recentes
dessa “ética moldável” pode ser constatado na evolução do flagrante dado contra
a negra e pobre Taylane Santana Pereira, que foi presa no bairro Califórnia, na
última sexta-feira, sob acusação de entrar numa casa e furtar uma televisão. Nem
citaremos mais detalhes sobre este episódio aqui, simplesmente para reduzir a
margem de risco da dubiedade vigente na aplicação da legislação midiática –
afinal, o que é liberdade de imprensa para uns é crime de lesa-humanidade para
outros... O fato é que a policia prendeu a ladra e fez aparecer o aparelho de
Tv. Mas os responsáveis pelos furtos de três equipamentos no Hospital de Base
Luiz Eduardo Magalhães, que não devem ser pretos e nem pobres, permanecem com
suas identificações não reveladas, tanto quanto o paradeiro dos respíradores. E
a imprensa continua sem dar ênfase a esta ocorrência policial. Nada mais
explosivo. Seria uma bomba revelar nomes e detalhes de um crime praticado por “gente
graúda”! Há alguns dias, sob o silêncio obsequioso da “grande mídia”, o
prefeito, o secretário de saúde e o diretor do Hblem e as autoridades policiais
estão cegas, surdas e mudas... E ficará por isso mesmo!?
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