Ivete
Sangalo, Parangolé, Psirico e Pablo são alguns dos nomes da música produzida na
Bahia que estão em destaque no cenário nacional. Mas quem vem para o Carnaval
de Salvador está tendo contato com novos sons que têm chamado a atenção pela
mistura com outras vertentes, como as músicas jamaicana e eletrônica, além do
resgate de tradições como a guitarra baiana e as marchinhas. E, acreditem,
estão ganhando repercussão não pela grande mídia, mas pelos pequenos espaços,
pelas redes sociais e, também, dentro da programação da folia na capital
baiana. Um belo exemplo dessa novidade é o grupo BaianaSystem: uma mescla de
música eletrônica com guitarra baiana e que tem atraído um público crescente.
Porém, descrevê-lo de modo tão simples não reflete nenhum pouco a complexidade
do som produzido, que inclui DJ (efeitos), percussão, guitarra baiana, vozes e
muito improviso. O grupo foi uma das atrações do Réveillon Salvador 2014,
promovido pela Prefeitura na região do Comércio, e vai se apresentar novamente
no Carnaval deste ano no Movimento Furdunço, na segunda-feira (3), no Circuito
Dodô (Barra/Ondina). O pagode baiano ainda é um dos ritmos mais ouvidos em
Salvador, então por que não incluí-lo nessa musicalidade toda? O duo A.MA.SSA
tem feito isso com o auxilio da música eletrônica. Eles, que fazem questão de
ressaltar sua identidade de amor por Salvador (AMA.SSA) com a percussão forte,
unem a população (A. MASSA) e principalmente agitam o público (AMASSA) em seus
shows. E ainda pensando em novidades, reinventar talvez seja a palavra que
melhor define o grupo Bemba Trio, que tem o seu próprio Sound System (diferente
daquele criado na Jamaica, pois consegue incluir, por exemplo, repente e samba
chula no som). Eles atribuem isso a “articulação de parcerias e mistura de
influências, que mostram como é possível recriar ritmos sem perder a tradição.”
O destaque do grupo, comandado pelos músicos Russo Passapusso, Fael 1º e DJ
Raiz, é a regionalidade descrita nas letras e interpretações. SUCESSO DOS
EMERGENTES – Como explicar o sucesso que esses sons emergentes têm feito, mesmo
sem o apoio dos veículos de comunicação de massa? A análise do jornalista
Luciano Matos atribui esse boom “à internet e a uma brecha no mercado associada
a um período criativamente muito rico”. Para o jornalista, esse som paralelo ao
que toca nas rádios sempre existiu, mas não tinha tanta força, pois não havia
como se espalhar, situação que muda com a inclusão digital. Matos diz que na
verdade a base já é conhecida, o que diferencia é esse “dedo baiano” que deixa
tudo com a nossa cara. Um exemplo disso são as temáticas abordadas nas músicas
que retratam desde as nossas esquinas até o nosso dia a dia. “Da Calçada sai de
Trem/ Dos States pro Espaço/ Pra chegar lá ni Belém/ Só no trio do Lobato/ Pio
Pio trem tem/ Não tem som tem um /Sistema Lá mulé só paga meio /E no Baile tem
Esquema”, diz a letra da música Da Calçada Pro Lobato (Pio Pio), da Baiana
System. Márcia Castro, Orquestra Rumpilezz, Park Sonoro, Ministério Público,
MUV, O Quadro, Nossos Baianos, Bailinho de Quinta, A.MA.SSA, Bemba Trio, Baiana
System e Alavontê são algumas das promessas de música contemporânea baiana, que
tem tudo para despontar nacionalmente. Quem quiser sentir essa “terapia do
som”, basta fazer um tour no Pelourinho ou acompanhar onde as atrações vão
estar na programação oficial do Carnaval, no site www.curtacarnaval.com.
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