Assisti ao programa GloboNews Literatura e fiquei
indignado com a notícia de que dois terços dos municípios brasileiros não
possuem qualquer livraria e isto é um absurdo. A
maioria absoluta de nossas cidades não possui uma livraria! Segundo a pesquisa
Retratos da Leitura, as livrarias são o principal canal de comercialização e
acesso ao livro. Existem apenas 2.980 livrarias para cerca de 5.700 municípios;
a Unesco recomenda que haja uma relação de 10 mil habitantes por livraria, e no
Brasil a média é de 64 mil. Portanto, para atingirmos o índice da Unesco,
deveríamos ter 20 mil livrarias no País, tendo em vista a população de 200
milhões de habitantes. Essa é uma
das razões pelas quais lemos tão pouco. Outro fator que ajuda a explicar os
índices precários de leitura no Brasil é o de que 400 municípios de todo o País
– cerca de 7% do total – não dispõem de uma biblioteca pública sequer. Outra
situação que contribui para entender a triste situação para a nossa população
ler pouco se vislumbra ao comparar o Brasil com países próximos como o Uruguai,
a Argentina e o Chile: os livros são 20% em média mais caros aqui, além do que
o analfabetismo é superior no Brasil,
cerca de 15% contra 2%, 3% e 4% nos países citados, respectivamente; sem
esquecer que temos muito menos livrarias do que nossos vizinhos. Levantamento
realizado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) informa que cada brasileiro lê
pouco mais de dois livros por ano. Na França, a média é de 11 livros; no Japão
e na Coreia do Sul, a média é de 10 livros. Outro dado preocupante: por aqui, o
tempo médio dedicado à leitura não passa de 5,5 horas por semana, enquanto na
Índia – um país em desenvolvimento cuja situação econômica é semelhante à do
Brasil – a média é quase o dobro, de dez horas semanais. Precisamos de medidas
emergenciais para modificar este quadro. A educação é a base de tudo. Medidas
como a desoneração fiscal dos livros, criação de bibliotecas públicas em todos
os municípios, estimular os professores com remuneração digna e reciclagem
permanente, uma campanha nacional de doação de livros para as bibliotecas
públicas com dedução no imposto de renda, seriam algumas formas para inverter
essa dramática situação, mas o principal é criar em nossas casas o hábito da
leitura, incentivando nossos filhos e netos. Assim, teremos orgulho de ser um
país que lê.
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