Num desses
momentos de devaneio, me veio à cabeça comparar a velhice a barcos fazendo
água. Nem sempre, eles, como nós, estão prestes a afundar. Apenas, pela grande
quantidade de uso, tem que navegar apenas em águas calmas. Dada a fragilidade e
desgaste de sua utilização, não é prudente que com eles, desafiemos mares
tempestuosos. A obediência a essas regras é o segredo de sua maior
durabilidade. Ao contrário, são feitos para curtos trajetos, com a única
finalidade do prazer, a emoção pela emoção. Atividades pesqueiras, nem pensar,
já que para isso são necessárias embarcações de grande porte e de estrutura
sólida, cujo acesso já não nos é mais possível. Entretanto, o simples desfrutar
da natureza é o que realmente conta, sendo que no ocaso da vida, os pequenos
arroubos têm um significado muito especial, só vivido pelos que chegaram a essa
faixa etária. Tal como marinheiros experimentados, ousamos menos ao visualizar
oceanos ameaçadores. Estamos sempre em busca de um porto seguro onde possamos
jogar âncoras. Por outro lado nos deslumbramos ao simples olhar de tudo à
volta, com se numa nave à deriva, já tivéssemos certeza da chegada eminente de
socorro. Esse é o olhar que poderá transformar a velhice na chamada melhor
idade, apesar das dores articulares generalizadas que por si só, não são
suficientes para nublar toda a beleza desse magnífico planeta terra, que se bem
cuidado ainda poderá nos acolher por muitos e muitos anos. Felizes aqueles com
coragem para navegar, mesmo que com barcos fazendo alguma água.
Sábias palavras.... sem comentários!
ResponderExcluirRildo
Textos assim só se ler aqui.
ResponderExcluirPor isso não deixo de acessar um só dia este teu blog.
Parabéns